A ação do IRB Brasil (IRBR3) fechou em alta de 4,63%, a R$ 2,94, nesta terça-feira (31). Mais cedo, às 13h27, as ações chegaram a bater 8,19%, a R$ 3,04.
De acordo com Phil Soares, chefe de análise da Órama, o movimento altista da IRB Brasil ocorre a partir de uma especulação de curto prazo, sendo pontual. “As ações estão com pouca liquidez. Qualquer movimento já causa uma variação expressiva”, disse.
O analista comentou ainda que a perspectiva para o IRB Brasil, de acordo com a Órama, não é positiva. “A gente acha que [a IRB Brasil] ainda está acima do que o fundamento justifica. É uma indústria muito competitiva internacionalmente, com custo de capital muito alto. Além disso, não acreditamos que a companhia tenha especificamente alguma vantagem competitiva que faça a lucratividade ser excelente”, afirmou Soares.
Na visão dele, há um crédito tributário muito grande no patrimônio líquido, tornando os múltiplos enviesados. A Órama não prevê que esses créditos vão se reverter, de fato, em lucratividade. “A gente observa alguns pontos negativos, inclusive orientamos nossos clientes a vender as posições [de IRB Brasil], caso eles tenham”, ressaltou, por fim.
Alexandre Achui, head da Mesa Private de ações e sócio da BRA, destaca que a ação do IRB Brasil caiu 50% nas últimas 52 semanas, com volume negociado até 58% acima da média dos últimos 20 pregões.
“Não temos notícia relevante hoje, somente grande fluxo de compra por corretoras estrangeiras, JP Morgan, Morgan Stanley (MSBR34), UBS”, disse. Analistas do BRA não reiteram recomendação de compra da ação.
Leandro Petrokas, diretor de Research e sócio da Quantzed, relembra que o ativo trabalha com altos níveis de posições vendidas com muitas pessoas apostando na queda do papel.
“Então, pode estar acontecendo o short squeeze, quando os vendedores precisam recomprar ações – ou seja, para desmontar posição vendida precisam comprar ações. Quando sobe 5%, por exemplo, é só movimento de recuperação”, afirmou.
Phil Soares não é o único que não tem expectativa positiva sobre a companhia. Após a divulgação do balanço do 1T22 do IRB Brasil, o BB-BI reiterou a recomendação neutra sobre as ações, com viés negativo. O relatório do BB-BI apontou que as razões principais para a avaliação negativa sobre resultado do IRB no 1T22 foram:
- Alta sinistralidade;
- Menor recebimento de prêmios
- Menor recuperação de sinistros; e
- Eventos não-recorrentes.
De acordo com o texto, isso levou a uma queima de caixa operacional de R$ 288 milhões.
“Após os números divulgados no 1T22, o IRB Brasil reforçou a visão de que os movimentos de saneamento dos negócios promovidos pelo ressegurador após as irregularidades contábeis identificadas em 2020 ainda custam a surtir efeito”, dizem os analistas.
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