Se por um lado houve um boom de IPOs em 2021, com 45 novas companhias na B3, por outro lado, o mercado acionário brasileiro continua sendo desafiador.
O principal índice da bolsa brasileira, o Ibovespa, ocupa o terceiro pior desempenho do mundo em 2021, de acordo com um levantamento realizado pela agência de classificação de risco Austin Rating.
Mas alguns IPOs em 2021 conseguiram sobreviver e reportaram valorização em seus papéis.
Para se ter uma base de comparação, apenas 22,7% das empresas que abriram capital em 2021 ficaram no campo positivo, enquanto o Ibovespa acumula queda de mais de 14% no ano.
A escalada da inflação, a alta na taxa básica de juros e o temor do risco fiscal são alguns dos motivos pelos quais o indicador teve um desempenho ruim neste ano.
Com isso, algumas companhias chegaram a desvalorizar mais de 70% desde que abriram o capital neste ano, principalmente empresas ligadas ao consumo e tecnologia.
Já na outra ponta, a Vamos, líder do ranking das maiores altas, viu seus papéis valorizarem mais de 100%.
Portanto, veja a lista das cinco empresas que enfrentam maior valorização nas ações desde os IPOs:
- Vamos (VAMO3): +91%
- Intelbras (INTB3): +73%
- Boa Safra (SOJA3): +56%
- Vittia (VITT3): +52%
- GPS (GGPS3): +33%
1º – Vamos lidera altas entre IPOs
A Vamos, empresa de locação de caminhões e máquinas, viu seu papéis saírem de R$ 6,50 no IPO em janeiro deste ano para casa dos R$ 12 em dezembro, o que configura uma valorização de 91%.
A companhia teve uma disparada na cotação no início de julho. À época, o BTG Pactual (BPAC11) atualizou suas projeções para a companhia dado o crescimento da frota mais forte do que o esperado.
“Embora vejamos esta mensagem como bastante otimista, concordamos que a indústria de aluguel de caminhões no Brasil é certamente um oceano azul para a Vamos, com o segmento sendo pouco penetrado de todos os ângulos que olhamos”, diz o relatório.
No terceiro trimestre deste ano, a companhia reportou lucro líquido de R$ 111,4 milhões, o que corresponde a alta de 127% na comparação com o mesmo período no ano passado.
O Ebtida ajustado (lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização), que mostra o verdadeiro potencial de geração de caixa de uma empresa, somou R$ 291,5, alta de 71,4% na comparação com o mesmo trimestre de 2020.
2º – Intelbras
A segunda colocada no ranking de IPOs que tiveram valorização é a Intelbras.
De acordo com os analistas do banco BTG, os resultados que foram apresentados pela Intelbras após o seu IPO foram sólidos em todos os setores.
O relatório frisou que os três segmentos da companhia reportaram taxas de segmentos ‘notáveis’. Assim, a companhia engatou rali logo após seu primeiro balanço, entrando em alta no fim de março.
Já no período de julho a setembro, a Intelbras informou ao mercado que teve uma redução de 6,5% no seu lucro, na comparação com o terceiro trimestre do ano anterior, totalizando R$ 88,3 milhões.
O Ebitda foi no valor de R$ 89 milhões, queda de 19,8% em relação ao mesmo período em 2020.
De acordo com a companhia, houve uma recuperação da execução de certas despesas que foram deixados de lado pela pandemia, impactando o EBITDA. As comerciais, por exemplo, foram as principais responsáveis pela queda do indicador.
3º – Boa Safra
A Boa Safra (SOJA3) caiu no gosto dos analistas, com a divulgação do seu desempenho trimestral. No terceiro trimestre deste ano, a companhia registrou um lucro líquido de R$ 88 milhões, o que corresponde a uma alta de 227,7% na comparação com o mesmo período no ano passado.
A receita líquida totalizou R$ 873,3 milhões, avanço de 55,6% em relação ao período de julho a setembro do ano passado, quando havia registrado R$ 560,9 milhões.
Na análise da XP, a empresa entregou um trimestre forte e por isso recomenda compra, com preço-alvo de R$ 18.
4º – Vittia
O Grupo Vittia, que também é voltado para o agronegócio, ficou entre os IPOs mais valorizados do ano. A companhia chegou a desistir três de abrir seu capital devido à volatilidade e condições adversas do mercado.
A plataforma de biotecnologia para desenvolvimento de produtos viu seus papéis valorizarem 41% neste ano.
Em seu primeiro balanço, após IPO o grupo reportou lucro líquido de R$ 56,1 milhões no terceiro trimestre, com receita líquida consolidada de R$ 283,7 milhões — alta de 55,8% na comparação com o mesmo trimestre de 2020.
“Devido à sazonalidade do nosso negócio, o terceiro trimestre tem bastante relevância nas vendas do exercício fiscal anual. Em 2020, representou 34% da receita líquida”, explicou a empresa em seu release.
5º – GPS
O Grupo GPS observou seus papéis saírem de R$ 12,00, em sua estreia em abril, para R$ 17 em dezembro.
O grupo é o atual líder e maior player do setor de prestação de serviços integrados, trabalhando com facilities, segurança, logística indoor, serviços de engenharia e manutenção industrial.
Apesar de ser uma empresa pouco coberta por analistas, seu desempenho agradou o mercado desde abril, quando entrou no rol dos IPOs de 2021. De lá para cá, a companhia teve alta de 31,4%.
Os dados dos IPOs são da Econamatica com base no fechamento do pregão da terceira semana de dezembro. É válido lembrar que a matéria não se configura como uma recomendação de investimentos.