A Enjoei fará sua oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) na Bolsa de Valores de São Paulo (B3) no dia 9 de novembro deste ano. Serão distribuídas 96.265.123 ações ordinárias, entre primárias e secundárias, fazendo com que a empresa seja listada no Novo Mercado, mais alto nível de governança corporativa. Os papéis da companhia serão negociados por meio do ticker “ENJU3“.
A operação ainda pode ser composta por um lote de ações suplementares de até 15% do total de ações, e um lote de ações adicionais, de 20% do total de papéis. O free float das ações da Enjoei ficará entre 52% e 62%, a depender da adesão do mercado.
Vale relembrar que o IPO aconteceria no dia 29 de outubro, mas foi postergado para a ampliação do período de bookbuilding. A faixa indicativa do preço das ações fica entre R$ 10,25 e R$ 13,75.
Os maiores vendedores na oferta secundária serão os fundos Bessemer, que terá sua participação acionária diluída em 12,62%, para 5,57%, e a Monashees, que cortará sua fatia em 50%. A Dynamo continuará com uma participação de 4,24%. A Enjoei estima a captação líquida de R$ 514 milhões, e a companhia pretende investir da seguinte maneira:
- 30%: expansão da marca e da base de usuários da companhia;
- 20%: investimentos em políticas comerciais com foco em melhoria
de conversão e recorrência; - 25%: expansão do time para desenvolvimento do produto;
- 25%: soluções fintech.
Simultaneamente ao IPO na B3, serão também realizados esforços de colocação das ações da Enjoei na Bolsa de Valores de Nova York (NYSE), exclusivamente para investidores institucionais qualificados, residentes e domiciliados nos Estados Unidos, conforme as normas da U.S. Securities and Exchange Commission (SEC), órgão regulador norte-americano.
A companhia pode ser definida como uma plataforma marketplace C2C (Consumidor para Consumidor) de compra e venda de produtos, principamente usados, com as atenções voltadas à categoria de “moda e lifestyle”. Os fundadores da Enjoei, Ana Luiza e seu marido, Tiê Lima, permanecem na liderança da administração. Ana é presidente do conselho e Tiê é o CEO.
Cronograma do IPO da Enjoei
Confira o calendário do IPO da Enjoei:
- Registro da solicitação na CVM – 01/09/2020
- Aviso ao mercado e disponibilização do prospecto preliminar – 06/10/2020
- Início das apresentações a potenciais investidores (roadshow) – 06/10/2020
- Início do pedido de reserva de ações – 15/10/2020
- Encerramento do Período de Reserva – 05/11/2020
- Encerramento do procedimento de bookbuilding e fixação do preço por ação – 05/11/2020
- Início da negociação em Bolsa – 09/11/2020
- Liquidação das ações – 10/11/2020
Histórico e perfil corporativo da Enjoei
A Enjoei foi fundada em 2009 por Ana e Tiê, com a criação de um blog para vender peças de roupa usadas. Em poucos meses, a ferramenta foi transformada em site e, em 2012, se tornou um marketplace.
Sua consolidação no setor em que atua foi estimulada por diversos investimentos de venture capital e private equity. Atualmente, o capital social da companhia é de aproximadamente R$ 159,76 milhões, sendo que somente 30% desse montante é oriundo dos fundadores.
O ano de 2018 foi um grande fator para o desenvolvimento da empresa. Naquele ano, a companhia lançou o modelo de venda premium, que é mais acessível, rápido e fácil para os envolvidos nos negócios — logo se tornou um sucesso. Também em 2018, o Grupo Globo investiu R$ 22 milhões na empresa, abrindo caminho para a expansão na propaganda televisiva.
A presença de gestores experientes, com background de sucesso, é um dos fatores que a empresa destaca em sua operação. Além da norte-americana Bessemer e da carioca Dynamo, também faz parte do quadro societário da Enjoei a Estoril, empresa de investimentos baseada em Luxemburgo, além da Aram, do Globo Ventures.
As fontes de receita basicamente são fincadas em transações dentro da plataforma — taxas cobradas do vendedor e do comprador –, além de outros serviços, como o adicional cobrado por aumento de visibilidade de produtos.
A estratégia de crescimento da empresa é focada em dois pilares. O primeiro se refere ao fortalecimento do ciclo de retenção, focando na experiência do usuário. O segundo é o investimento em expansão da base de usuários, que no primeiro trimestre deste ano era de 10 milhões de pessoas.
A empresa foca em levar uma experiência mais agradável, divertida e prática, tanto para o vendedor como para o comprador. Uma das formas de realizar esse tratamento diferenciado é uma comunicação mais leve, carregado de humor, cores e cuidados estéticos. Basicamente, os pontos fortes observados na operação da Enjoei são:
- Experiência do usuário superior;
- Acionistas experientes;
- ESG consolidado, com incentivos de longo prazo para diretores e tendência de crescimento da consciência socioambiental;
- Crescimento do e-commerce;
- Modelo de negócio digital, cultura e gestão baseadas em dados;
- Dívida controlada.
A companhia encerrou em julho com cerca de R$ 50 milhões em caixa. Com esse montante, a dívida líquida se torna negativa, levando os indicadores de dívida a serem positivos.
A receita líquida da Enjoei em 2019 foi de R$ 53,67 milhões. A geração de caixa e o lucro operacional, por sua vez, estiveram negativos nos últimos três anos. De 2017 a 2019, a empresa consumiu R$ 20 milhões do saldo inicial de caixa, restando apenas R$ 3,1 milhões ao final do período.