Após o mercado observar uma corrida à Bolsa, agora algumas empresas parecem estar fugindo da Abertura de Capital. Embora ainda haja cerca de 40 companhias à espera de registro da CVM para levarem suas Ofertas Iniciais de Ações (IPO, na sigla em inglês) adiante, mais de 10 companhias desistiram do plano de captar recursos no mercado acionário brasileiro.
Cabe explicar que o IPO é um processo através do qual uma empresa abre seu capital e assim passa a negociar ações na Bolsa de Valores. Esse é um movimento costuma ser bastante relevante para o mercado acionário.
Após a abertura de capital de uma empresa, qualquer pessoa pode se tornar sócio, ou dono de uma parte dessa companhia. Entretanto, para se tornar um sócio dessa empresa, os investidores interessados devem comprar as ações que agora são negociadas através de uma corretora de valores.
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Além disso, embora seja um processo normal, na segunda parte de 2020 viu se um grande número de companhias estudando abrir seu capital na B3, em um movimento que chamou a atenção dos investidores.
O fundador da SUNO Research, Tiago Reis, explicou que o movimento rumo à Bolsa acontece “pelas condições de mercado. Atualmente estão pagando múltiplos interessantes e muito superiores a meses atrás. Desta forma, os acionistas das empresas estão mais abertos a alternativas de capitalização”.
Contudo, logo após essa corrida às Bolsas, algumas empresas pareciam estar fugindo da Bolsa, em um movimento que também chamou a atenção, e gerou algumas dúvidas em investidores.
Empresas desistindo da abertura de capital
Nas últimas semanas mais de 11 companhias desistiram de abrir seu capital na B3. Só em outubro, mais de 4 jogaram a toalha.
Dentre elas, está a plataforma digital de aluguel de imóveis Housi; a empresa de produtos de saúde Elfa; a construtora Patrimar; a comercializadora de energia elétrica 2W Energia; e a empresa do segmento de energia Cosan.
A Cosan alegou que o IPO foi suspenso por causa do nível insatisfatório da demanda, mesmo se o número de ordens era suficiente para atender a oferta. Entretanto, a empresa considerou que a demanda não garantiria uma boa negociação do papel.
Além disso, algumas empresas não desistiram, mas adiaram sua estreia na Bolsa, como é o caso da Caixa Seguridade; a Havan; a Companhia de Água e Esgoto do Ceará, Cagece; e a Iguá Saneamento.
Mas afinal, o que estraria causando essa fuga?
Por que as empresas estão desistindo do IPO
Segundo o especialista em ações da SUNO Research, João Arthur Palma de Almeida, esse movimento pode ser explicado, uma vez que o mercado não está muito convidativo a algumas empresas, já que são muitas companhias competindo ao mesmo tempo para abrir capital.
Almeida lembrou que mais de 50 companhias pediram registro para abertura de capital.
Além disso, o especialista aponta que existem boas oportunidades em empresas já listadas, que possuem um longo histórico de geração de valor. De acordo com ele, com essa concorrência acirrada muitas empresas que pretendiam abrir capital não estão tendo a demanda necessária para se listar no valor de mercado que elas desejam, e então optam pela suspensão ou pela desistência.
O que acontece com o dinheiro do investidor quando o IPO é cancelado?
Outro ponto que gerou dúvida nos investidores, após a grande quantidade de suspensões de ofertas iniciais de ações foi: “o que acontece quando um investidor entra na oferta pública inicial, mas logo depois ela é cancelada”?
Frente a isso, Almeida salienta que o investidor não precisa se preocupar. Isso, porque o dinheiro destinado ao período de reserva das ações da oferta pública inicial não chega a sair da conta da corretora.
Nesse sentido, o especialista destaca que o investidor só precisa se preocupar com a oportunidade de investimento, que foi parcialmente perdida.
Já em relação às perdas para o mercado quando uma empresa desiste de seu IPO, Almeida comenta que é uma pena, pois ainda há poucas empresas listadas. Para ele, seria algo positivo ter mais opções na Bolsa.