IPOs de construtoras devem atingir R$ 5 bilhões em 2020
Após 2019 recheado de ofertas subsequentes de ações (follow-on), ao menos cinco construtoras residenciais estão preparando suas ofertas públicas iniciais de ações (IPOs) para 2020, atingindo R$ 5 bilhões. A última vez que uma construtora estreou na Bolsa de Valores de São Paulo (B3) foi em 2009, quando a Direcional (DIRR3) abriu capital.
Em 2020, Kallas, Cury e You,Inc devem abrir seu capital na bolsa brasileira. Além dessas, Moura Deubeux e Mitre já solicitaram à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para ofertarem suas ações por meio de IPOs.
Por sua vez, no ano passado, Tecnisa (TCSA3), Trisul (TRIS3), Eztec (EZTC3), Helbor (HBOR3) e Gafisa (GFSA3) captaram R$ 5,5 bilhões, que foram utilizados para arcar com dívidas e desenvolver seus projetos.
Segundo o jornal “O Estado de S.Paulo” em pesquisa junto à Economática, o setor de construção foi o que teve maior retorno (105,8%) em 2019 na bolsa. No ano anterior, o retorno das ações deste setor foi de 4,53%. Desempenhos superiores a anos anteriores, como 2014 e 2015, que os papéis chegaram a se desvalorizar 34%.
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As ações das construtoras superaram em rendimentos os subsetores definidos pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) como:
- Petróleo e gás (66%)
- Energia elétrica (51%)
- Comércio (40,5%)
- Intermediários financeiros (20%)
IPOs de construtoras são fundamentados na recuperação do setor
No ano passado, os números do setor foram significativos. Com 81.218 unidades lançadas até outubro, o número de imóveis novos foi 6,8% maior ao apresentado no mesmo período de 2018.
Não obstante, as vendas de novas unidades aumentaram 9,8% em comparação com 2018, segundo dados da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc).
De acordo com o Departamento de Economia e Estatística do Secovi-SP, só em outubro foi registrada a venda de 3.467 unidades residenciais novas, volume 23,2% maior que as vendas de outubro do ano anterior em São Paulo.
Esse resultado demonstra que a alta dos papéis em 2019 também pode ser explicada pelo patamar de preço relativamente baixo em que o setor estava. O levantamento da Economática, que comparou a valorização dos setores da bolsa, considerou ações com volume médio diário superior a R$ 1 milhão no ano passado e presença nos pregões acima de 90% com quatro ou mais representantes.
A onda positiva para o mercado imobiliário foi fomentada principalmente pela queda da taxa de juros básica da economia (Selic), o que facilitou os financiamentos.
“Os novos IPOs acontecem agora porque antes disso ninguém estava interessado em comprar papéis de construção. O mercado estava muito ruim”, disse o professor de finanças da FEA-USP Keyler Rocha ao “O Estado de S.Paulo”.