A Compass Gás & Energia realizará sua oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) na Bolsa de Valores de São Paulo (B3) no dia 30 de setembro deste ano. Serão distribuídas 117.647.060 novas ações ordinárias, fazendo com que a empresa seja listada no Novo Mercado, mais alto nível de governança da bolsa brasileira. Os papéis da companhia serão negociados por meio do ticker “PASS3“.
De acordo com o prospecto da Compass, entregue à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a oferta poderá ser acrescida em até 20%, nas mesmas condições e pelo mesmo preço das ações inicialmente ofertadas. O acionista vendedor será o Grupo Cosan, fazendo com que a participação da holding seja diluída de 99,01% para 79,04%.
Vale ressaltar que a oferta consiste na emissão de ações totalmente primárias, ou seja, todos os recursos serão direcionados ao caixa da empresa. A faixa indicativa ficou entre R$ 25,50 e R$ 31,50 por ação. Considerando o preço médio da faixa, de R$ 28,50, o lote adicional de 20% e o lote suplementar de 15%, a companhia pode levantar R$ 4,52 bilhões.
A empresa atua e investe em quatro categorias de negócios ligados ao setor de gás natural e energia do País. A empresa diz, em seu prospecto, que possui um modelo operacional que dificilmente é replicado no Brasil, atuando na distribuição de gás natual (sobretudo por meio da Comgás); infraestrutura e originação de gás, acessando a oferta de gás do pré-sal e importando GNL; comercializando gás; e atuando na geração térmica de gás e trading de energia elétrica.
Segundo o prospecto da companhia, os recursos serão utilizados da seguinte forma:
- Futuras aquisições de empresas;
- Investimento em privatizações de distribuidoras de gás, sendo a Gaspetro (80%) o princial alvo para esses recursos;
- Reforço da estrutura de capital (20%).
Também vale salientar que a empresa realizou um aumento de capital em 30 de janeiro deste ano, quando Marcelo Faria Parodi e Rithchie Guder subscreveram 6.222.650 papéis, pelo preço de R$ 12,05 cada. A operação é liderada por Itaú BBA, Santander, Morgan Stanley, BTG Pactual, Bradesco BBI, Citi, Banco do Brasil, UBS, Safra e XP.
Cronograma do IPO da Compass
Confira o calendário do IPO da Compass:
- Registro da solicitação na CVM – 31/07/2020
- Aviso ao mercado e disponibilização do prospecto preliminar – 08/09/2020
- Início das apresentações a potenciais investidores (roadshow) – 09/09/2020
- Início do pedido de reserva de ações – 15/09/2020
- Encerramento do Período de Reserva – 24/09/2020
- Encerramento do procedimento de bookbuilding e fixação do preço por ação – 28/09/2020
- Início da negociação em Bolsa – 30/09/2020
- Liquidação das ações – 01/10/2020
Histórico e perfil corporativo
A Compass é uma holding do Grupo Cosan S.A (CSAN3) e teve sua história iniciada em 2012, ano em que o Grupo adquiriu 60,05% da Comgás. A aquisição fez com que a holding tivesse acesso à distribuição de gás canalizado para 88 municípios do estado de São Paulo.
Desde então, a empresa vem operando na ampliação desta rede e expandindo o acesso para 19 novos municípios, o que perfaz novos 800 mil clientes.
Entre 2017 e 2019, no entanto, a Cosan realizou dois novos investimentos na Comgás, fazendo com que sua participação subisse de 79,9% para 99,14%. Neste momento, a holding decidiu que era a hora de ampliar suas atividades para além da distribuição de gás.
Foi quando a Compass Comercializadora de Energia LTDA, a Compass Geração LTDA, a Compass Energia LTDA foram adquiridas pelo Grupo. Em linhas gerais, a Compass é distribuída em quatro linhas de negócio:
- Distribuição de gás: setor em que já está amplamente estabelecida, onde a empresa busca cumprir com os contratos já estabelecidos, com a expansão e saturação das redes de distribuição;
- Comercialização de gás: com a compra da Compass Comercialização, no início deste ano, a companhia passou a focar na exploração de consumidores industriais por meio do mercado livre e obter rentabilidade a partir da negociação das moléculas;
- Infraestrutura e originação de gás: a companhia está de olho no aumento da necessidade de infraestrutura conforme a produção de gás cresça no Brasil, e esta linha de negócios pode ser definida como uma “diversificação sinérgica”;
- Geração térmica e gás e trading de energia elétrica: é esperado um crescimento de 8% para 16% da relevância do gás na capacidade de geração da matriz energética do Brasil, e a empresa estima estar bem posicionada para observar tal expansão.
O setor da Compass está atento ao novo marco regulatório do gás, projeto que vem sendo discutido há anos. A indústria em questão é essencial para o crescimento da economia brasileira e a abertura do mercado de gás natural para introduzir a concorrência, que pode trazer benefícios para o setor e demais segmentos, está em pauta.
O objetivo central do projeto é trazer estabilidade jurídica ao setor, além de trazer competição aos participantes, trazendo o preço para baixo. Estima-se uma queda de 30% a 40% no preço do gás. É esperado um investimento de R$ 150 bilhões até 2030, geração de quatr milhões de empregos até 2025, investimento em infraestrutura e colaboração do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 0,5% por ano até 2025.
A receita operacional líquida da empresa saiu de R$ 5,53 bilhões em 2017 para R$ 9,51 bilhões no ano passado. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização), por sua vez, saiu de R$ 1,51 bilhão há três anos para R$ 2,5 bilhões em 2019.
Quase toda a receita gerada durante o período mencionado provém da distribuição e venda de gás, reflexo principalmente de uma revisão tarifária bastante favorável, ocorrida em 2019, que resultou no forte incremento de faturamento da empresa.
A Compass registrou um aumento de 124,9% do lucro líquido entre 2017 e 2018, saindo de R$ 559,65 milhões para R$ 1,25 bilhão. No ano passado, o crescimento foi de 2%, atingindo R$ 1,28 bilhão.