IPO cancelado? Saiba o que ocorre com o dinheiro do investidor
A suspensão das oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) na Bolsa de Valores de São Paulo (B3) das instituições BR Partners e Caixa Seguridade nesta semana levantou dúvidas nos investidores. Afinal, o que ocorre quando um investidor opta por entrar na oferta pública inicial, mas ela acaba sendo cancelada?
De acordo com o especialista em renda variável da Suno Research, João Arthur Almeida, o investidor não precisa se preocupar com o cancelamento do IPO, já que o dinheiro destinado ao período de reserva das ações da oferta pública inicial não chega nem a sair da conta da corretora.
“A ordem é cancelada automaticamente e o dinheiro nem chega a sair da conta”, afirma Almeida. Ou seja, quem optou por entrar no período de reserva do IPO, geralmente realizado até poucos dias antes do lançamento das ações, não deverá ter nenhum custo ou prejuízo extra.
Portanto, a única preocupação que o investidor precisa ter é com a oportunidade de investimento que foi, parcialmente, perdida.
“O investidor pode olhar outras oportunidades em empresas que já estão listadas em um bom patamar ou então de outros IPOs já que esperar o mesmo IPO pode demorar muito”, disse o especialista.
Bolsa tem semana de IPOs cancelados
A Bolsa de Valores de São Paulo (B3) passa por uma onda de cancelamentos de ofertas. Além dos dois cancelamentos de IPOs que já estavam listados, segundo o jornal “Valor Econômico”, pelo menos outras seis empresas que estão na lista para realizarem a abertura de capital estariam cogitando uma mudança nos seus planos. De acordo com uma fonte próxima ao assunto, “o mercado está muito seletivo e a volatilidade alta contribui para isso”.
O primeiro foi a oferta do banco de investimentos BR Partners. A abertura de capital estava prevista para acontecer na próxima sexta-feira (25). A empresa estimava levantar cerca de R$ 590,7 milhões, considerando o meio da faixa indicativa, que variava de R$ 15,97 (base) e R$ 18,96 (teto). O banco faria uma oferta base de 34.607.779 units. Os papéis da instituição seriam negociados sob o ticker “BRBI11“.
A ideia da BR Partners com a oferta era expandir seus negócios, principalmente nas áreas de Crédito Estruturado e Mercado de Capitais e Sales & Trading, que atualmente correspondem a uma parte considerada pequena nas receitas da instituição. Vale destacar também que a oferta seria totalmente primária. Dessa forma, todos os recursos levantados na operação iriam para o caixa da empresa, uma vez que os atuais acionistas não venderiam suas participações.
A oferta, contudo, teve de ser cancelada dada a baixa demanda. A instituição, porém, deve retomar a operação quando julgar as condições do mercado mais favoráveis.
Já a Caixa Seguridade informou, na manhã de quinta-feira (24), que suspendeu o processo de IPO. A informação foi divulgada por meio de um fato relevante.
De acordo com o comunicado, a atual conjuntura do mercado fez com que o processo da abertura de capital fosse reconsiderado. “Em decorrência da decisão da Caixa Econômica Federal, a Caixa Seguridade encaminhará à B3 o pedido de interrupção da análise da documentação referente à sua admissão e listagem no Novo Mercado“, informa a empresa.
Sem dar mais detalhes, a empresa disse que comunicará “oportunamente” ao mercado qualquer evolução dos assuntos relacionados à potencial oferta e listagem de suas ações por meio do IPO.