A BR Advisory Partners Participações S.A., ou BR Partners, realizará sua oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) na Bolsa de Valores de São Paulo (B3) no dia 25 de setembro deste ano. A operação consiste em uma oferta base de 34.607.779 units, fazendo com que a empresa seja listada no Nível 2 de governança da B3. Os papéis da instituição serão negociados por meio do ticker “BRBI11“.
Segundo o prospecto da BR Partners, protocolado na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a oferta poderá ser acrescida pelo lote adicional, que compreende 20% da oferta base, e pelo lote suplementar, que equivale a 15% da oferta inicial. Com isso, a oferta pode totalizar 46,7 milhões de units com a colocação dos dois lotes extra.
A faixa indicativa ficou entre R$ 15,97 e R$ 18,96. Dessa forma, ao preço médio de R$ 17,07, o banco pode movimentar R$ 590,7 milhões. Desconsiderando as despesas e comissões da oferta, a BR Partners estima uma captação líquida de R$ 551 milhões.
É importante salientar que a oferta será totalmente primária, ou seja, todos os recursos levantados serão direcionados ao caixa da empresa, uma vez que os atuais acionistas não venderão suas participações. Além disso, a composição das ações em units — uma ação ordinária e duas ações preferenciais — faz com que a instituição realize a captação no mercado e, ao mesmo tempo, não altere a sua posição de controle.
Assim, considerando um cenário de alta demanda pela oferta, com a colocação do lote adicional e suplementar, a BR Partners Holdco Participações S.A., principal acionista do banco, ficará com mais de 50% do capital votante da companhia, seguindo com seu racional estratégico na liderança da instituição. Vale ressaltar que seus diretores, membros do Conselho de Administração e sócios se comprometem em um lock-up de 540 dias.
Com a oferta, a instituição procura expandir seus negócios, sobretudo nas áreas de Crédito Estruturado e Mercado de Capitais e Sales & Trading, que atualmente correspondem a uma baixa fatia nas receitas da companhia. No que se refere à área de Crédito Estruturado e Mercado de Capitais, o fortalecimento do balanço fará com que a empresa:
- Participe mais ativamente em operações que exigem do coordenador líder na alocação proprietária da oferta (garantia firme);
- Tenha flexibilidade na avaliação da aquisição de parcela maior das ofertas que estrutura;
- Crie uma plataforma digital para escalar seu potencial de distribuição de produtos estruturados;
- Possa gerar mais negócios para a área.
Para o segmento de Sales & Trading, por sua vez, o banco visa aumentar a capacidade de aprovar maiores limites operacionais, otimizar a estrutura de captação de funding proprietário e reduzir custos de captação junto à avaliação conservadora de assunção de riscos.
Os bancos coordenadores da abertura de capital da BR Partners serão:
- BTG Pactual (BPAC11);
- Bank of America-Merrill Lynch;
- Credit Suisse;
- Itaú BBA.
Cronograma do IPO da BR Partners
Confira o calendário do IPO da BR Partners:
- Registro da solicitação na CVM – 31/07/2020
- Aviso ao mercado e disponibilização do prospecto preliminar – 01/09/2020
- Início do procedimento de bookbuilding – 02/09/2020
- Início do pedido de reserva de ações – 08/09/2020
- Encerramento do Período de Reserva – 22/09/2020
- Encerramento do processo de precificação (bookbuilding) e fixação do preço por ação – 23/09/2020
- Início da negociação em Bolsa – 25/09/2020
- Liquidação das ações – 28/09/2020
Histórico e perfil corporativo da BR Partners
A BR Partners foi fundada por Ricardo Lacerda, ex-executivo do Goldman Sachs e do Citibank, junto a diversos profissionais de alta expertise no mercado financeiro brasileiro e internacional. Inicialmente, a empresa tinha como foco a prestação de serviços de assessoria financeira, atuando em fusões e aquisições, captação de recursos e investment banking.
Em 2012, o Banco Central (BC) autorizou a empresa a se tornar uma instituição financeira, criando o Banco BR Partners. Assim, a companhia passou a desenvolver uma área dedicada à captação de recursos de dívida, estruturando emissões de debêntures, certificados de recebíveis imobiliários (CRI) e agronegócio (CRA).
Entre 2013 e 2016, em função da estrutura sinérgica e interligada do Grupo BR Partners, foram impulsionadas as oportunidades que possibilitaram a empresa a oferecer cross-selling por meio de uma ampla oferta de produtos e serviços de alto valor agregado.
Dessa forma, a instituição notou o crescimento das áreas de Sales & Trading, investment baking, Crédito Estruturado e Mercado de Capitais e Investimentos. A empresa recebeu o prêmio da Euromoney Best Bank of Advisory LatAm, em 2016, escolhido como o melhor banco de assessoria financeira da América Latina.
Já entre 2017 e 2019, o banco de investimentos superou a marca de R$ 144 bilhões em transações assessoradas pelo segmento de investment banking. No ano passado, inclusive, a empresa se destacou frente a bancos globais liderando quatro rankings de fusões e aquisições no Brasil: Bloomberg, Dealogic, MergerMarket e Thomson Reuters.
Em seu prospecto, a empresa diz que “acredita que a tendência de migração acelerada de produtos e serviços dos grandes bancos para instituições independentes será duradoura, o que beneficia empresas independentes de excelência como a companhia”.
“O processo de crescimento de demanda por produtos e serviços financeiros pela população brasileira tem se acelerado nos últimos meses, o que também favorece substancialmente a atuação de plataformas em mercados de capitais”, salienta a instituição liderada por Lacerda.
“A companhia acredita viver um momento único na economia brasileira. Com taxas de juros em patamares mínimos históricos e com liquidez elevada em mercados globais, o mercado de fusões e aquisições e de crédito estruturado e mercado de capitais poderão observar períodos prolongados de crescimento”, diz a instituição em seu documento.
Em toda a sua história, a BR Partners nunca apresentou um resultado negativo. Nos últimos anos, o lucro líquido cresceu de R$ 39 milhões em 2017 para R$ 50 milhões em 2018, passando para R$ 76,5 milhões no ano passado — uma margem líquida de 33% frente à receita de R$ 228 milhões. O Retorno sobre Patrimônio Líquido (ROE), em 2019, foi de 27%.