Oito a cada dez empresas que fizeram IPO (Oferta pública inicial de ações) desde 2017 encontram-se no vermelho, com ações em queda. O número foi revelado em levantamento da Economatica e divulgado pelo Estadão.
Segundo os dados, nos últimos cinco anos foram cerca de 80 companhias que fizeram IPO e tornaram-se empresas públicas e litadas na bolsa de valores brasileira, a B3 (B3SA3).
Além disso, vale lembrar que a ‘onda de IPOs‘ arrefeceu neste ano, com um mercado razoavelmente mais turbulento que fez com que, até então, nenhuma empresa abrisse seu capital.
Considerando somente as estreias na bolsa de 2021, são 9 de 45 empresas que estão em patamar favorável, com alguma alta nos papéis – sendo a maior parte de commodities, por conta de fatores externos como a Guerra na Ucrânia, que ocasionou alta no petróleo.
Outro levantamento, do Estadão, mostra que algumas companhias tiveram uma desvalorização tão grande que valem menos do que o que foi captado no IPO.
Os exemplos são a C&A (CEAB3), que cai 83% desde sua listagem, ou a D-1000 (DMVF3), que cai 68%. No caso da varejista, o valuation é de R$ 903 milhões, segundo dados do Status Invest, ante R$ 200 milhões de valor de mercado da empresa de farmácia, que captou R$ 400 milhões no seu IPO.
Outro exemplo foi a Espaçolaser (ESPA3), que cai 87% desde a sua estreia, em fevereiro de 2021, e vale algo em torno de R$ 750 milhões ante R$ 2,6 bilhões captados no IPO.
Esse movimento, contudo, lesou até mesmo investidores institucionais e gestores, como a Squadra Investimentos, de Guilherme Aché, que zerou toda a sua posição em ações da empresa em janeiro deste ano.
Mesmo dentre as poucas exceções que não caíram, há grande volatilidade na cotação e um cenário turbulento, conforme mostrado pelos gráficos.
A Méliuz (CASH3), por exemplo, teve uma valorização de 4,3% em relação à cotação que estreou na bolsa, em novembro de 2020. Contudo, os papéis saltaram 630% até julho, para quase R$ 12 por ação.
De lá para cá, a startup seguiu uma derrocada e cai mais de 85% desde à sua cotação recorde, o ‘topo’.
IPO ‘lá fora’ também não mostrou grande diferença
Apesar da atratividade de abrir capital em solo americano, pela captação em dólar e outras regras de mercado, as estreantes de Wall Street também não se saíram de modo diferente até então.
O exemplo mais emblemático é o Nubank (NUBR33), que fez um dos IPOs mais badalados do ano passado, mas caiu 63% desde a sua estreia na NYSE.
Nas últimas semanas, aliás, os ativos vem renovando sua mínima histórica consecutivamente com analistas temendo um ciclo de crédito ainda deteriorado, considerando que o público alvo do Nubank é de jovens e, por consequência, tem menor renda.
Apesar disso, a gestão do banco digital segue confiante. “O jeito de entender a gente é o longo prazo. Continuamos focados na construção dessa estratégia”, disse recentemente o fundador do Nubank, David Vélez.
Vale lembrar que os BDRs do Nubank caem ainda mais, em 70% desde o IPO, com cotação atual em R$ 3,44.