O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) registrou alta de 0,41% em novembro, segundo os dados divulgados nesta sexta (9). Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o aumento dos combustíveis influenciou o crescimento do indicador que mede a inflação oficial do país.
“A alta da gasolina está ligada ao aumento do preço do etanol. Isso ocorreu por conta de um período de entressafra da produção de cana de açúcar. A gasolina leva álcool anidro em sua composição”, afirmou Pedro Kislanov, gerente da pesquisa.
A inflação acumulada no ano chega a 5,13%. Nos últimos doze meses, o resultado é de 5,90%, número abaixo do registrado nos 12 meses anteriores, quando o resultado havia sido de 6,47%.
Transporte e alimentos foram os setores que mais impactaram o índice — juntos, eles foram responsáveis por cerca de 71% do crescimento do IPCA em novembro.
IPCA: Confira as variações por grupo
Dos noves grupos de produtos e serviços pesquisados, sete tiveram alta em novembro. São eles:
- Alimentos e bebidas: + 0,53%;
- Habitação: + 0,51%;
- Vestuário: + 1,10%
- Transportes: + 0,83%;
- Saúde e cuidados pessoais: + 0,02%;
- Despesas pessoais: + 0,21%;
- Educação: + 0,02%.
Comunicação (- 0,14%) e artigos de residência (- 0,68%) registraram queda.
As maiores variações no setor alimentar ocorreram na cebola (+23,02%) e no tomate (+ 15,71%). Segundo Kislanov, no caso da cebola, o aumento ocorreu por causa de uma redução da oferta nacional do produto.
“Essa diminuição não foi coberta por importações porque não existe uma grande oferta de cebola no mercado externo. Em relação ao tomate, a oferta costuma ser afetada pelo fator clima. Nesta época do ano, a safra de inverno já está esgotada”, detalhou o especialista.
Além do IPCA, o IBGE também divulgou os dados do INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), que registrou alta de 0,38% em novembro, variação menor do que a registrada em outubro, quando ele havia crescido 0,47%. No ano, o indicador acumula alta de 5,21% e, nos últimos 12 meses, o crescimento é de 5,97%.
IPCA: Veja as análises
Para Caio Canez de Castro, sócio da GT Capital, o IPCA desacelerou mais do que o consenso do mercado, que projetava o indicador em 0,53%.
“O combustível volta a ser o maior fator de pressão na inflação. Além de aumento nos preços recentes, a retirada gradativa da redução nos impostos também pesa no preço final”, afirmou o especialista em investimentos, que complementou:
Acredito que é cada vez mais importante uma política fiscal eficaz, para não prejudicar ainda mais o câmbio e, consecutivamente, o preço nas bombas.
Marcos Caruso e Eduardo Vilarim, economistas do Banco Original, argumentaram que o quadro inflacionário apresenta melhoras, mas que existem dúvidas sobre o espaço para o corte de juros.
“Até o novo governo apresentar a nova regra fiscal, o Banco Central deve ignorar essa desinflação no curto prazo pois existe a possibilidade de ter caráter passageiro se a regra expandir a flexibilização incerta dos gastos além do considerado saudável para as contas públicas”, destacaram os profissionais ao repercutirem o resultado do IPCA.
Com informações da Agência IBGE.