IPCA desacelera e tem alta de 0,16% em março, abaixo das projeções do BC

Principal termômetro da inflação brasileira, o IPCA de março apresentou alta de 0,16%, abaixo das expectativas do próprio Banco Central, que projetava avanço de 0,24%. O dado fico 0,67 ponto percentual abaixo do resultado de fevereiro, quando houve alta de 0,83%.

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Segundo a publicação do Instituto Brasileiro e Geografia e Estatística (IBGE), o resultado do IPCA foi principalmente impulsionado pela alta nos preços de alimentos e bebidas.

A inflação brasileira acumula uma alta de 3,93% em 12 meses e de 1,42% no ano.

A previsão do BC no Relatório Trimestral de Inflação (RTI) para o IPCA de março era de alta de 0,24%.

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IPCA de março

De fevereiro para março, seis dos nove grupos analisados tiveram alta nos preços. Contudo, houve uma desaceleração relevante em grupos que têm grande impacto no índice.

“Essa desaceleração na inflação também é explicada pelo fato de que, em fevereiro, os preços da Educação tiveram alta significativa por conta dos reajustes habitualmente praticados no início do ano letivo, o que não aconteceu em março”, explica o gerente da pesquisa, André Almeida, citando o grupo que saiu de alta de 4,98% para 0,14%.

Entre os principais destaques do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o grupo de Alimentação e bebidas teve a maior variação, de 0,53%, impactando em 0,11 p.p. do índice.

Em seguida, os custos de saúde registraram alta de 0,43%.

Entre os grupos que mais puxaram o resultado “para baixo”, está Transportes, com queda de 0,33%.

A seguir, é possível comparar o desempenho do IPCA ao longo dos últimos meses:

MÊSRESULTADO
Março/240,16%
Fevereiro/240,83%
Janeiro/20240,42%
Dezembro/20230,56%
Novembro/230,28%
Outubro/230,24%
Setembro/230,26%
Agosto/230,23%
Julho/230,12%
Junho/230,08%
Maio/230,23%
Abril/230,61%
Março/230,71%
Fevereiro/230,84%
Janeiro/230,53%

Visão do mercado sobre o resultado do IPCA

Em março, os alimentos que mais subiram de preço foram a cebola (14,34%), o tomate (9,85%), o ovo de galinha (4,59%), as frutas (3,75%) e o leite longa vida (2,63%).

“O caso do ovo de galinha tem uma explicação própria: tratou-se de um período em que uma parcela da população faz a opção de não comer carne por questões religiosas, aumentando a demanda dessa proteína”, ressalta o gerente da pesquisa no IBGE.

Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research, ressalta que o índice dá sinais de alertas, para o preços de serviços ainda pressionados. Entretanto, enxerga alívio no preço de alimentos, com os efeitos do El Niño prejudicando menos o setor. “Os efeitos do El Niño foram mais moderados do que esperado e esse fenômeno climático deve acabar em breve”, diz o economista.

“Além disso, a melhora da oferta mundial de grãos, mesmo com uma menor produção no Brasil, contribuiu para uma desaceleração dos preços das commodities agrícolas,” ressalta Sung.

Andre Fernandes, head de renda variável e sócio da A7 Capital, destaca que a baixa no IPCA teve uma mãozinha do segmento de transportes com queda de -0,33% com a desaceleração no preço dos combustíveis, “que estão defasados em relação ao preço internacional”.

Fernandes destaca que a inflação de serviços voltou a subir no resultado, o que pode ser um sinal de alerta que poderia voltar a pressionar a inflação. “Algo que o Banco Central vem batendo na tecla, e que acredito que pode impactar no ritmo de cortes da SELIC ao longo do ano. De fato, isso pode alterar as perspectivas do mercado de um corte [na taxa Selic] de -0,50% em junho para -0,25%”, afirma o especialista.

Segundo ele, para maio já é consenso que haverá um corte de -0,50% conforme comunicado do Copom.

A estrategista inflação da Warren Investimentos, Andréa Angelo antecipa que, por ora, espera-se um IPCA em abril a 0,39% e 0,30% em maio. “Vamos fazer alguns ajustes pontuais, mas o curto prazo não deve alterar de forma relevante,” diz a estrategista.

Sobre o direcionamento da política monetária, Gustavo Sung defende que o IPCA de março não deve alterar o plano de voo anunciado pelo Banco Central. “A nossa perspectiva é de cortes de 0,5 p.p. nas próximas reuniões, pelo menos para maio e junho. Os próximos dados serão importantes para calibrar melhor o cenário à frente”, reforço o economista da Suno Research.

Além disso, Sung aponta que a projeção da casa para o IPCA deste ano é de 3,60%. “A expectativa de desaceleração dos preços dos alimentos e a recente trajetória benigna dos preços de bens industriais levaram a uma revisão baixista recente”, conclui.

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Camila Paim

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