IPCA desacelera para 0,25% em janeiro, mas pressão para alta da Selic continua
A inflação oficial do país, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), subiu 0,25% em janeiro, depois de ter avançado 1,35% em dezembro de 2020. Trata-se da menor taxa mensal desde agosto de 2020, quando havia registrado a taxa de 0,24%. As informações foram divulgadas nesta terça-feira (9) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Portanto, o índice apresentou uma desaceleração, visto que, em novembro havia registrado alta de 0,89%, no mês seguinte 1,35% e em janeiro 0,25%. No mesmo período no ano passado, a taxa foi de 0,21%. Nos últimos 12 meses, o IPCA acumula alta de 4,56%, acima dos 4,52% observados nos 12 meses imediatamente anteriores.
Apesar da desaceleração, os analistas permanecem acreditando que há uma pressão para a elevação da taxa básica de juros (Selic).
Após a divulgação do IPCA, a Guide investimentos, manteve sua previsão de que a Selic vai subir a partir de maio.
Na análise do especialista da corretora, Luís Sales, a projeção de inflação de janeiro do BC, foi de acordo com o último Relatório Trimestral da Inflação divulgado em dezembro. Portanto, isto deve criar um terreno para que a taxa Selic fique estacionada em seu atual patamar de 2,00% até maio.
“Em termos de política monetária, entendemos que, por conta da baixa surpresa inflacionária em relação às projeções do Copom, seguimos acreditando numa alta da taxa Selic apenas para maio”, analisou o especialista.
Já para o estrategista-chefe do banco digital modalmais, Felipe Sichel, a desaceleração do índice reduz a pressão de curto prazo em cima do Banco Central (BC). Mas, as pressões ainda permanecem. Por esse motivo, Sichel acredita na elevação de 0,25% da taxa Selic em março.
Confira o desempenho da inflação em grupos de produtos
Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, sete tiveram alta em janeiro. O maior impacto veio do grupo Alimentação e bebidas que desacelerou frente a dezembro.
Confira as variações dos grupos de novembro a dezembro:
- Alimentação e Bebidas (1,74% para 1,02%)
- Habitação (2,88% para-1,07%)
- Artigos de Residência (1,76% para 0,86%)
- Vestuário (0,59% para -0,07%)
- Transportes (1,36% para 0,41%)
- Saúde e Cuidados Pessoais (0,40% para 0,32%)
- Despesas Pessoais (0,65% manteve em 0,39%)
- Educação (0,48% para 0,13%)
- Comunicação (0,39% para 0,02%)
Para o cálculo do IPCA, foram comparados os preços coletados no período de 30 de dezembro de 2020 a 28 de janeiro de 2021 (referência) com os preços vigentes no período de 28 de novembro a 29 de dezembro de 2020 (base).
IPCA futuro deve subir por fiscal e impactos nas expectativas
Em relatório, o banco UBS informou que revisou suas estimativas para o IPCA de fevereiro de 0,4% para 0,55% mês a mês com base no aumento dos preços dos combustíveis, acompanhando a recuperação do petróleo.
Na visão da instituição financeira, índice de inflação deve acelerar ainda mais na base anualizada, podendo atingir 6,5% em fevereiro ante mesmo período de 2020 devido aos baixos níveis do ano passado.
O sentido, no entanto, poderia se inverter no segundo trimestre, com o IPCA chegando a 3,4% em dezembro em relação a um ano antes.