IPCA pode atingir 7% com avanço de expectativas para 2022, diz Meirelles
Henrique Meirelles, ex-ministro da Fazenda do Brasil e atual secretário de Fazenda de São Paulo, admitiu nesta terça-feira (8) que o cenário do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) alto pode se tornar permanente, embora o quadro atual resulte de desorganizações da cadeia produtiva em meio à pandemia.
Em evento da Câmara britânica de Comércio e Indústria no Brasil, Meirelles afirmou que o que mais preocupa não é a inflação oficial de 2021, embora esteja alta e possa chegar a 7,0%, mas o avanço das expectativas de 2022. Ele destacou que a economia só voltou ao nível do fim de 2019 no primeiro trimestre de 2021 e o que desemprego está elevado, o que deveria indicar uma inflação mais baixa.
“O Banco Central vai ter que tomar atitudes firmes para ancorar expectativas de inflação. Tem que fazer o que for necessário. BC não pode ser visto como se estivesse amarrado. Essa diretoria do BC é muito boa. Mas essa ação tem que estar junto com uma mensagem fiscal forte do governo federal de que a situação está sob controle”, afirmou o secretário.
“O risco maior um pouco é o aumento de expectativas de inflação em 2022. É onde o BC precisa atuar para ter inflação controlada, baixar as expectativas de inflação.”
Alta do IPCA caminho junto com risco fiscal
Meirelles reconheceu que a questão inflacionária é um risco para a recuperação da economia após a imunização da população contra a Covid-19. “Não podemos perder controle de expectativas de inflação para ter uma retomada organizada.”
Meirelles também disse que o maior risco é fiscal, depois dos gastos elevados em 2020 para amenizar os efeitos da pandemia. Agora, além do avanço da agenda de reformas e de produtividade, o ex-ministro afirmou que é importante controlar as despesas públicas para crescer mais e melhor.
“O maior problema é fiscal. É necessário seguir o teto de gastose avançar em reformas. Seria uma tragédia sair de uma crise de saúde e entrar em uma crise fiscal”, disse o secretário. O IPCA acumula alta de 6,76% nos 12 meses encerrados em abril.
Com informações do Estadão Conteúdo.