O principal termômetro da inflação no Brasil, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficou em de 0,42% em janeiro.
De acordo com dados do IBGE divulgados nesta quinta-feira (8), o inflação reduziu em 0,14 ponto percentual em relação à taxa de dezembro (0,56%), mas ainda superou as projeções do mercado (Projeçoes Broadcast: 0,35%; Bloomberg: 0,34%).
O principal grupo que impulsionou o resultado foi o de Alimentação e Bebidas, com uma alta de 1,38% nos preços (+0,29 p.p.). “Historicamente, durante o verão, os preços dos alimentos costumam ser pressionados. Soma-se a isso, o El Niño que intensificou as chuvas e as temperaturas, impactando diversas regiões produtoras no país”, argumenta o economista-chefe da Suno Research, Gustavo Sung.
No acumulado de 12 meses, o IPCA desacelerou de 4,62% para 4,51% – também acima da mediana, de 4,43%. As estimativas dos analistas iam de 4,24% a 4,62%.
Com o resultado de janeiro, o IPCA em 12 meses está ligeiramente acima do teto da meta de inflação, de 4,50%. Em 2023, o índice acumulou alta de 4,62%, abaixo do teto da meta para o período, de 4,75%.
A seguir, é possível comparar o desempenho do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo ao longo dos últimos 13 meses:
MÊS | RESULTADO |
Março/24 | 0,16% |
Fevereiro/24 | 0,83% |
Janeiro/2024 | 0,42% |
Dezembro/2023 | 0,56% |
Novembro/23 | 0,28% |
Outubro/23 | 0,24% |
Setembro/23 | 0,26% |
Agosto/23 | 0,23% |
Julho/23 | 0,12% |
Junho/23 | 0,08% |
Maio/23 | 0,23% |
Abril/23 | 0,61% |
Março/23 | 0,71% |
Fevereiro/23 | 0,84% |
Janeiro/23 | 0,53% |
Preço de alimentos e bebidas pressiona alta da inflação
O preço de alimentos e bebidas registrou o maior aumento no mês de janeiro, com uma aceleração de 1,38% após 1,11% em dezembro. Entre os componentes do grupo, a alimentação no domicílio teve alta de 1,81% em janeiro, após ter avançado 1,34% no mês anterior.
A alimentação fora do domicílio subiu 0,25%, número mais enxuto ante a alta de 0,53% em dezembro de 2023.
Transportes puxa IPCA para baixo em janeiro
A queda nos custos de Transportes, de -0,65% no mês também teve um impacto relevante de -0,14 p.p. sobre o IPCA.
“O maior impacto individual veio das passagens aéreas, que tinham subido em setembro, outubro, novembro e dezembro do ano passado e caíram 15,22% em janeiro”, ressalta André Almeida, gerente da pesquisa do IBGE.
Dentro os subitens de transportes, o preço das passagens aéreas se destacou, com uma variação de -15,22% e teve o maior impacto negativo individual no mês, -0,15 p.p.
Em relação aos combustíveis, a queda total foi de -0,39%, com os preços oscilando:
- Etanol: -1,55%;
- Gasolina: -0,31%;
- Óleo diesel: -1,00%;
- Dás veicular: +5,86%.
Previsões para a inflação, IPCA e Selic
“De forma geral, a inflação segue controlada, mas há alguns sinais de alerta. A composição do IPCA teve uma leve piora qualitativa. Serviços subjacentes voltarem a subir, apesar desse grupo ter uma forte sazonalidade em janeiro”, destaca Sung, da Suno Research.
Apesar dos pontos de atenção, o economista ressalta que a nossa projeção para o IPCA em 2024 segue em 3,90% e, para 2025, 3,70%.
“Esse dado não deve alterar o plano de voo já anunciado pelo Banco Central, de cortes de 0,5 p.p. nas próximas reuniões. No entanto, a evolução do mercado de trabalho e seus impactos sobre os preços dos serviços, juntamente com o risco fiscal, serão insumos importantes para as decisões futuras da autoridade monetária”, afirmou Sung.
A previsão está em linha com a de Andréa Angelo, estrategista de inflação da Warren Investimentos. “Mesmo com a surpresa no número de hoje, não alteramos o cenário de IPCA de 2024 que é de 3,90% e de 3,50% em 2025. Reiteramos que vemos riscos de alta para a inflação de serviços subjacentes no ano, no entanto a dinâmica recente mais favorável de alimentação no domicílio pode contrabalançar este efeito”, afirmou a estrategista.
Angelo ainda ressaltou que, no curto prazo, a projeção do IPCA de fevereiro está em 0,77% e março em 0,12%.
Contudo, a estrategista ressalta que foi uma dinâmica menos favorável da inflação subjacente motivo de preocupação pelo Banco Central na última ata do comitê (Copom).
Para André Fernandes, head de renda variável e sócio da A7 Capital, o recuo na inflação na média anual corrobora para que o Banco Central possa eventualmente acelerar os cortes da taxa Selic, mas isso ainda depende do movimento do FED (banco central americano), que ainda não começou a cortar os juros nos EUA.
“Isso deixa, na minha opinião, o Banco Central com uma postura mais conservadora, apesar da nossa inflação estar convergindo para a meta”, diz o especialista.
INPC tem alta de 0,57%, segundo IBGE
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) teve alta de 0,57% em janeiro, após uma elevação de 0,55% em dezembro, segundo dados divulgados pelo IBGE também nesta quinta-feira (8).
A taxa em 12 meses mostrou alta de 3,82% em janeiro, ante taxa de 3,71% até dezembro.
O INPC mede a variação dos preços para as famílias com renda de um a cinco salários mínimos e chefiadas por assalariados.
Com informações de Estadão Conteúdo.