O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, afirmou que a inflação – mensurada pelo IPCA – já passou do pico e começará a melhorar.
Contudo, o contexto atual do IPCA ainda ‘inspira cuidados’ por parte da autoridade monetária.
Para Campos Neto, a ociosidade no mercado de trabalho é um dos pontos importantes para análise na próxima reunião do Comitê de Política Monetária, o Copom. As declarações foram feitas durante o evento Valor 1000, do jornal Valor Econômico, em São Paulo.
“Temos tentado entender na parte de serviços o que pode ser a pressão de salários sobre a inflação. Temos a sensação de que a ociosidade no mercado de trabalho está diminuindo. A ociosidade no mercado de trabalho é um dos pontos importantes para próximo Copom. É preciso entender as implicações da queda na ociosidade no emprego para a inflação de longo prazo“, declarou.
Além disso, o presidente do Banco Central disse que o Brasil terá três meses consecutivos de deflação, mas a batalha não está ganha.
Segundo ele, o BC não pensa em queda de juros neste momento, mas sim em finalizar o trabalho de convergência do IPCA para as metas
Segundo Campos Neto, como o Brasil iniciou o processo de alta de juros antes das demais economias do mundo, há uma expectativa do mercado de que o trabalho está feito e de que os juros devem começar a cair.
“A gente tem comunicado que a gente não pensa em queda de juros, mas finalizar o trabalho, que significa convergir a inflação. A gente entende que a inflação teve alguma melhora recente por medidas do governo. Tem uma outra melhora que vem acompanhada disso, mas há um elemento de preocupação grande. Vamos passar por 3 meses de deflação, mas batalha não está ganha”, disse.
“A principal pergunta hoje é se o IPCA vai continuar alto com desaceleração econômica no mundo. Os ativos podem sofrer uma reprecificação com Fed e com desaceleração global”, seguiu.
Além do IPCA, Campos Neto ‘revisa o PIB’
“A gente está em um processo de revisões para cima. Vamos ver um processo de revisão para cima de PIB do Brasil de 2022. A parte de emprego é o grande destaque e surpresa. A gente vai para uma taxa para perto de 8,5%. Isso tem sido uma surpresa. A população empregada tem sido um grande destaque”, disse.
Segundo Campos Neto, os dados fiscais mostram uma situação das contas públicas melhor do que o esperado, apesar de entender que existem desafios significativos para financiar programas sociais no próximo ano.
“Há um quadro macroeconômico favorável para este ano. O PIB e o emprego estão para cima, o fiscal está melhor e o IPCA está caindo”, disse.
Com Estadão Conteúdo