IPCA sobe 0,23% em maio, abaixo do esperado pelo mercado
O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) apresentou uma alta de 0,23% em maio, conforme dados divulgados pelo IBGE na manhã desta quarta-feira (7).
Com isso, o IPCA anualizado ficou em 3,94%. Os dados oficiais da inflação, assim, mostraram um cenário com variação menor do que o esperado.
As projeções do consenso de mercado eram de uma variação de 0,33% do IPCA em maio, deixando o anualizado em 4,04%.
Se confirmada, a projeção já representaria o IPCA mais baixo desde meados de 2020 – o que ocorreu com mais ‘folga’, dada a variação de 0,23%.
Em 2023, a alta acumulada do IPCA é de 2,95%.
O que puxou o índice para baixo no mês foi o grupo de transportes, que apresentou uma deflação de 0,57%.
Além disso, outro grupo que registrou queda em maio foi o de artigos e residência, que caiu 0,23%.
Segundo os dados do IBGE, no caso dos transportes destaca-se os recuos nos preços das passagens aéreas (-17,73%), além do resultado de combustíveis (-1,82%), por conta das quedas do óleo diesel (-5,96%), da gasolina (-1,93%) e do gás veicular (-1,01%).
Além disso, foi registrada uma desaceleração no grupo de alimentos e bebidas, que saiu de 0,71% em abril para 0,16% em maio.
“Trata-se do grupo com maior peso no índice, o que acaba influenciando bastante no resultado geral”, aponta o analista da pesquisa, André Almeida.
“O que mais descolou para cima das nossas projeções foi a variação dos combustíveis domésticos, veículos próprios e gasolina, enquanto os desvios para baixo das nossas projeções foram medicamentos, etanol e frutas”, diz o time da XP Macro Strategy.
“De acordo com nosso ajuste sazonal, o núcleo da inflação anualizada de 3 meses desacelerou para 5,07% na base mensal, de um patamar anterior de 6,09%”, completa.
Para o head de renda variável e sócio da A7 Capital, André Fernandes, o dado de inflação abaixo do esperado sinaliza uma folga maior para um corte de juros.
“Na minha leitura, o IPCA de Maio reforça que o Banco Central começa a ter cada vez mais espaço para iniciar o corte da Selic, algo que já vem sendo precificado na curva de juros. O meio da curva hoje após a divulgação do IPCA cai em média -0,38%, já indicando uma taxa de juros abaixo de 11% em junho de 2025. Acredito que o corte de juros por parte do Banco Central se dará entre Agosto e Setembro, desde que o FED (banco central americano) pare de subir os juros nessa reunião de Junho (as apostas do mercado estão em 77% para uma pausa na alta de juros por lá nessa reunião)”, comenta.
Projeções para o IPCA em 2023
Nesta semana, pela terceira vez consecutiva, as projeções do IPCA foram cortadas pelos economistas do mercado financeiro.
Segundo o Boletim Focus divulgado nesta segunda (5), a projeção atual é de 5,69% de inflação.
- IPCA: a projeção caiu para 5,69%
- PIB: a projeção aumentou para 1,68%
- Dólar: a previsão do câmbio caiu para R$ 5,10
- Taxa Selic: a previsão segue em 12,50%
- Balança Comercial: a expectativa para o superávit caiu para US$ 59,75 bilhões
- Investimento Estrangeiro Direto: a previsão segue em US$ 80 bilhões
- Dívida do Setor Público: a previsão caiu para 60,70% PIB
A queda das projeções tem sido paulatina desde que o mercado financeiro fez um corte substancial nas projeções do IPCA, de 6% para 5,8%, na semana em que foram alterados os preços da gasolina.