O Ministério da Fazenda revisou para baixo a projeção de inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2023 e 2024. Além disso, a pasta também subiu a expectativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano, de 1,9% para 2,5%.
Em relação à inflação, segundo novos parâmetros da Secretaria de Política Econômica (SPE), a estimativa para 2023 caiu de 5,58% para 4,85%, muito próximo do teto da meta para o IPCA no ano – que é de 4,75%.
Para Guilherme de Mello, secretário de Política Econômica, houve “aumento expressivo das chances de o IPCA terminar dentro da banda superior da meta de inflação“. Ele ainda destacou que o mercado já prevê redução da Selic dos atuais 13,75% ano para 12% até o fim de 2023.
Já a projeção do IPCA em relação a 2024 caiu de 3,63% para 3,30% A meta de inflação do ano que vem é de 3%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto porcentual para mais ou para menos. O último boletim da SPE havia sido divulgado em maio.
IPCA: ‘surpresas positivas’ colaboraram com revisão, diz Fazenda
No boletim, a SPE argumenta que a revisão na projeção para a inflação oficial neste ano foi motivada, sobretudo, pelas “surpresas positivas” com a divulgação do IPCA de abril (0,61%) e maio (0,23%).
Além disso, o governo cita alguns pontos como relevantes para o controle inflacionário:
- redução nos preços dos combustíveis
- revisões nas tarifas de energia elétrica residencial e dos ônibus urbanos
- reajuste autorizado para plano de saúde, levemente inferior
O Ministério da Fazenda ainda destacou a mudança no regime de meta de inflação (para meta contínua, a partir de 2026) como um fator que também deve ajudar para a convergência das expectativas de inflação para este ano.
Em relação a 2024, a explicação dada pela SPE para a redução da projeção reflete mudanças no cenário externo, como o câmbio e o preço de commodities, além de menores reajustes previstos para preços monitorados.
Salário Mínimo
A Fazenda também reduziu a projeção para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) – utilizado para a correção do salário mínimo.
De acordo com a pasta, a estimativa para a alta do indicador neste ano recuou de 5,34% para 4,48%. Para 2024, a projeção foi revisada de 3,44% para 3,01%. Já a estimativa para o IGP-DI em 2023 foi reduzida de 2,06% para -2,21%. Para o próximo ano, a projeção caiu de 3,78% para 3,63%
IPCA: banco suíço já projeta inflação dentro da meta em 2023
O banco de investimentos suíço UBS BB afirmou, em relatório enviado a clientes, que projeta a inflação pelo IPCA de 4,7% em 2023 e 3,5% em 2024, em ambos os casos, dentro das metas estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional, de 3,25% até 4,75% em 2023 e de 3% até 4,5% em 2024.
O relatório do UBS BB destacou os dados do IPCA do mês de junho, divulgados na manhã desta terça-feira (11) pelo IBGE, que apresentaram deflação de 0,08% no mês passado e um acumulado de 3,16% em 12 meses.
Segundo o banco suíço, a inflação anual chegou ao seu menor nível neste ano e deve voltar a acelerar nos próximos meses, dado que em 2022 o governo de Jair Bolsonaro realizou uma série de desonerações na reta final das eleições, que já voltaram a ser cobradas normalmente e que deverão pesar no índice.
“A inflação anual provavelmente chegou ao fundo do poço no Brasil. Projetamos que reacelere para 5,2% em setembro antes de atingir 4,7% em dezembro”, apontou o relatório assinado pelos economistas Rodrigo Martins, Alexandre de Azara e Fabio Ramos.
Para a divulgação de julho do IPCA, a projeção do banco é de uma inflação próxima de zero – com destaques para uma retomada diante do fim da política de subsídios para carros novos, queda no preço da energia elétrica, ligeira alta na gasolina com a recomposição de impostos federais e os preços dos alimentos contribuindo para a queda.
Com Estadão Conteúdo e Agência Brasil