IPCA sobe 0,83% em fevereiro, acima das projeções, com alta de alimentos e bebidas

O principal termômetro da inflação brasileira, o IPCA de fevereiro apresentou uma alta de 0,83%, superando o consenso da pesquisa Reuters (0,78%).

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Segundo a publicação do Instituto Brasileiro e Geografia e Estatística (IBGE), o resultado do IPCA foi impulsionado em parte pela alta no preço de alimentos e bebidas (+0,95%). Os produtos sofreram fortes mudanças no preço em razão do efeito climático do El Niño, que abala a agricultura e a oferta dos itens.

A inflação brasileira acumula uma alta de 4,5% em 12 meses e, no ano, de 1,25%.

IPCA de fevereiro

Entre os principais destaques, o setor de Educação teve a maior alta, de 4,98% (+0,29 p.p.). O efeito se dá pelo momento de início das aulas no ano letivo de 2024, com inscrições em cursos regulares, escolas e outros tipos de instituições educacionais.

A seguir, é possível comparar o desempenho do IPCA ao longo dos últimos meses:

MÊSRESULTADO
Março/240,16%
Fevereiro/240,83%
Janeiro/20240,42%
Dezembro/20230,56%
Novembro/230,28%
Outubro/230,24%
Setembro/230,26%
Agosto/230,23%
Julho/230,12%
Junho/230,08%
Maio/230,23%
Abril/230,61%
Março/230,71%
Fevereiro/230,84%
Janeiro/230,53%

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Como o mercado recebeu o IPCA de fevereiro?

Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master, avalia que as maiores altas do período se devem a serviços sazonais, como o visto no setor de educação, com matrículas em cursos e escolas e os reajustes de início de ano letivo.

“No geral, o índice foi ruim. O resultado de 0,83% representa uma inflação bastante salgada.” O especialista destaca que o preços da educação e dos alimentos subiram muito, assim como transportes. “Tudo isso pesou bastante no IPCA, mas não altera o cenário de corte de mais 0,50 na taxa Selic na próxima reunião. Possivelmente, muda o cenário de indicação futura do Banco Central. O BC deve tirar o guidance de que teremos cortes da mesma magnitude na próxima reunião.

Alta na Educação, Alimentos e Transportes

Para Beto Saadia, economista e diretor de investimentos da Nomos, o abalo esperado pelo El Niño à produção agrícola no Brasil está cedendo e trazendo menos preocupações. “Uma pista recente disso foi a divulgação de deflação do IGP-DI em janeiro e fevereiro”, observa.

Depois da alta nos custos com educação, o segundo grupo de maior relevância segundo o economista-chefe da Suno Research, Gustavo Sung, foi o grupo de Alimentação e bebidas, que registrou alta de 0,95% e impactou o índice em 0,20 p.p.

“Assim como nos meses anteriores, os preços de alimentação no domicílio foram impactos pelas temperaturas elevadas e maior volume de chuva”, comentou Sung.

Além disso, o especialista também chama atenção para a variação nos preços do Grupo Transportes, que subiu 0,72% no mês, com impacto de 0,15 p.p. sobre o IPCA.

“Apesar de passagem área ter registrado uma variação de -10,71%, todos os combustíveis tiveram alta: etanol (4,52%), gasolina (2,93%), gás veicular (0,22%) e óleo diesel (0,14%). A alta do ICMS sobre os combustíveis impactou para o crescimento no mês”, explica o economista da Suno.

Expectativas para a Selic e próximos passos na inflação

O economista-chefe da Ativa Investimentos, Étore Sanchez, avalia que houve uma “boa surpresa” com serviços subjacentes, que variaram apenas 0,42%, ante 0,58% estimados pela casa. Adicionalmente, a variação da média dos núcleos subiu apenas +0,49%, ante +0,57% projetados pelos analistas da Ativa.

“Apesar do headline ter surpreendido o mercado para cima, avaliamos a abertura com positiva para o Brasil, ainda que não seja nenhum game changer para a condução da política monetária”, comentou Sanchez.

Já Gustavo Sung destaca que o principal foco agora é a evolução de alguns segmentos como núcleos de inflação, preços de serviços e serviços subjacentes, visto que algumas métricas estão em patamares elevados e merecem cautela.

“Para a política monetária, esse dado não deve alterar o plano de voo já anunciado pelo Banco Central, de cortes de 0,5 p.p. nas próximas reuniões, pelo menos para março e maio,” afirmou Sung.

Em linha parecida, André Fernandes, head de renda variável da A7 Capital, também acredita que existe um ponto positivo, dado que os núcleos analisados no IPCA seguem em trajetória de queda.

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Camila Paim

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