IPCA desacelera, mas preocupa; entenda por quê
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) teve alta de 0,16% em janeiro, conforme divulgou o IBGE nesta semana. O número representa uma desaceleração frente aos 0,52% registrados em dezembro e é a menor taxa mensal para o mês desde 1994. Contudo, o cenário ainda preocupa, e o Decodificador de Investimentos da Status Invest Assessoria te explica por quê.
Nos últimos 12 meses, o IPCA acumula alta de 4,56%, mostrando uma desaceleração em relação ao acumulado de dezembro (4,83%).
No entanto, o número ainda supera o teto da meta de inflação estabelecida pelo Banco Central, que visa um controle em torno de 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.
Embora expressiva, a desaceleração vista em janeiro pode ser temporária e merece atenção dos investidores.
Decodificador de investimentos
A seguir, Dulany Alexandre, assessor na Status Invest Assessoria de Investimentos, te explica os motivos para o IPCA seguir preocupando os investidores.
A queda expressiva da inflação em janeiro tem uma explicação pontual: o “Bônus Itaipu“. As tarifas de energia elétrica residencial ficaram 14,2% mais baratas no mês, redução motivada pela distribuição obrigatória do excedente de lucro registrado pela Hidrelétrica de Itaipu.
Por determinação legal, este saldo positivo deve ser repassado aos consumidores na forma de descontos nas contas de luz, beneficiando cerca de 78 milhões de consumidores com reduções que variaram entre R$ 16,66 e R$ 49 nas tarifas residenciais e rurais.
No entanto, esse alívio deve ser revertido já em fevereiro. De acordo com um relatório divulgado pela XP, as contas de energia devem registrar alta de 17% no segundo mês do ano, o que pode pressionar novamente o índice geral de preços.
Além disso, alguns grupos seguem pressionando a inflação para cima. O setor de alimentos e bebidas, por exemplo, registrou o quinto mês consecutivo de alta, com avanço de 0,96% em janeiro.
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O cenário inflacionário ainda provoca cautela por três fatores principais: economia aquecida, moeda brasileira depreciada e percepção de risco fiscal elevada. Essa combinação deve manter o Banco Central em alerta, possivelmente sustentando os juros em patamares elevados por mais tempo.
Para os investimentos, esse cenário tem consequências importantes. A manutenção da inflação acima da meta tende a pressionar os juros futuros, o que geralmente impacta negativamente o mercado de ações, especialmente empresas mais sensíveis ao ciclo econômico ou altamente alavancadas.
Por outro lado, investimentos que oferecem proteção contra a inflação, como títulos indexados ao IPCA, e aqueles que se beneficiam de uma taxa Selic elevada, como CDBs e títulos prefixados, podem ser alternativas interessantes para compor uma carteira diversificada.
Vale ressaltar ainda que o mercado continua cauteloso em suas projeções para a inflação. A mediana das projeções do último Boletim Focus para o IPCA de 2025 subiu pela 17ª semana consecutiva, passando de 5,51% para 5,58%.
O cenário reforça a importância de manter uma estratégia de investimentos diversificada, que considere diferentes cenários e proteções contra a alta dos preços.
Entenda como investir nesse cenário
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