IPCA-15: Prévia da inflação sobe 0,59% em maio, ainda acima das projeções
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15, ou IPCA-15, subiu 0,59% em maio, sendo a maior alta para o mês em questão desde 2016. No acumulado de 2022, a alta é de 4,93%, ante 12,20% nos últimos 12 meses.
Desta forma, o índice ficou abaixo do IPCA-15 de abril, que teve uma alta de 1,73%, segundo os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Apesar disso, ainda ficou acima do que era projetado pelo consenso de mercado, já que os analistas consultados pelo Refinitiv estimavam uma alta de 0,45% no mês, deixando o anualizado em 12,03%.
O IPCA-15, vale lembrar, é considerado a “prévia da inflação” oficial do Brasil, que é mensurada por meio do IPCA.
Segundo os dados do IBGE, dentre os itens e subitens de maior impacto no índice durante o mês de maio, destacam-se:
- Produtos farmacêuticos (5,24%), com 0,17 p.p.
- Higiene pessoal (3,03%), com 0,11 p.p.
- Passagem aérea (18,40%), com 0,09 p.p.
- Gasolina (1,24%), com 0,08 p.p.
- Etanol (7,79%), com 0,07 p.p.
O instituo destaca que o grupo de alimentação e bebidas ficou ‘mais estável’ desta vez, com alta de 1,52% em maio. No gripo, a maior influência veio dos alimentos para consumo no domicílio (1,71%).
O IBGE frisa que os itens com as maiores altas foram o leite longa vida (7,99%) e a batata-inglesa (16,78%), com impactos de 0,06 p.p. e 0,04 p.p., respectivamente. Outros itens como cebola e pão francês também tiveram altas de preços, contudo frutas e legumes retraíram após uma escalada de preço.
O tomate, por exemplo, caiu 11% no mês, ante 16% de retração no preço da cenoura – que era o ‘emblema’ da inflação em escalada, sendo o item de maior elevação de preço na prateleira dos supermercados nos últimos meses.
Segundo Guilherme Moreira, coordenador do IPC-Fipe, em entrevista ao Suno Notícias, os alimentos devem reduzir o ritmo de aumentos a partir de julho, com os in natura já começando a diminuir em maio.
“Mas, no curto prazo, não vai ter muito alívio, pelo menos neste ano”, afirmou. “Alimentação vai ser o grupo que mais vai pesar pro consumidor, sem dúvida nenhuma”, afirma.
A previsão de inflação da instituição está em cerca de 8% ao ano no geral e mais de 15% para alimentação. “Algum alívio só a partir de 2023”, finaliza.
IPCA-15 acima do esperado mostra ‘meta ficando no retrovisor’
A meta atual do Banco Central (BC) é de 3,5%, o teto da meta é 5%. Contudo, as projeções de mercado já rondam a casa dos 8%.
O Boletim Focus mais recente, do dia 3 de maio, indicou que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2022 deverá ser de 7,89%.
O informe demonstra que, desde o ano passado, já havia a sinalização de que inflação de 2022 ficaria acima do teto da meta estipulado pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
Na última divulgação do IPCA, foi registrada alta de 1,06% em abril. A variação foi a maior alta para o mês de abril desde 1996, quando o país teve 1,26% de avanço do indicador.
Desta forma, o índice, que é o principal dado de inflação do Brasil, soma 12,13% no acumulado dos últimos 12 meses e 4,29% desde o início de 2022.
“Acredito que o IPCA tinha mais potencial de segurar o mercado se viesse abaixo de 0,90%. Com esses dados de inflação subindo, o mercado vai seguir com expectativa cada vez mais negativa. O IPCA de abril era um indicador que poderia segurar a queda do mercado e os juros futuros, mas acabou decepcionando, ficando um pouco acima das expectativas”, comentou Fabio Louzada, economista e analista CNPI, à época.
Agora, o mercado digere o IPCA-15 e deve analisar o indicador para ‘calibrar’ novas projeções do IPCA de maio, a ser divulgado no dia 9 de junho, segundo o calendário oficial do IBGE.