Depois do resultado do IPCA-15, Selic terá corte em agosto? Analistas respondem

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15, o IPCA-15, teve uma queda de 0,07% em julho, informou nesta terça-feira (25) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Para a XP Investimentos, a composição do IPCA-15 de julho não trouxe surpresas, mas indica um provável corte de juros em agosto pelo Copom.

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Na variação em 12 meses, o índice de inflação recuou para 3,19% em julho, ante 3,40% em junho. “O desvio baixista em relação à nossa projeção concentrou-se nos itens de transporte público (-3,1 bps). Por outro lado, as principais surpresas de alta vieram de ‘veículo próprio’ (4,0bps) e ‘frutas’ (+3,0bps)”, aponta a XP em relatório, que esperava queda de -0,05% no IPCA-15 de julho.

A média dos núcleos de inflação aumentou 0,09% em relação ao mês anterior, em linha com a projeção da XP de 0,12%. A taxa média móvel anualizada ajustada sazonalmente de 3 meses (3M SAAR) recuou para 3,2%, de 4,6%. “A medida de ‘serviços subjacentes’, acompanhada de perto pelo Banco Central, avançou 0,35% em julho, também em linha com nossa projeção (0,37%)”, diz a XP.

De acordo com o economista da XP Investimentos Alexandre Maluf, o indicador de serviços reverteu o desempenho ruim referente ao IPCA de junho, principalmente em subíndices, como aluguéis e condomínio. “As medidas de núcleos e serviços apresentaram melhora em julho, aumentando as apostas para um corte de 0,5 ponto percentual na próxima reunião do Copom.”

Em relação aos preços de bens industriais, a XP também avalia que foram alinhadas a expectativas, mostrando uma desaceleração menor que a esperada nos preços de automóveis novos (-2,4% m/m vs -3,4% estimado).

“Na prática, o programa de incentivos à indústria automobilística teve efeito menor do que o esperado no IPCA, o que deve pressionar para cima a leitura final de julho”, concluem os analistas.

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Com resultados do IPCA-15, XP espera corte de juros em agosto

Mesmo com as apostas aumentando em relação a um corte de 0,5 ponto percentual na próxima reunião do Copom, a equipe da XP ainda projeta que as variações relativamente altas nos últimos doze meses da média dos núcleos (5,5%) e dos serviços subjacentes (5,9%) e às expectativas de inflação acima da meta, farão o Copom optar por iniciar o ciclo de corte com 0,25pp em agosto.

“Mantemos nossa visão de que o Copom entregará corte de 0,25 pp na taxa Selic para 13,50% em sua próxima reunião. Por fim, mantemos nossas estimativas de IPCA em 4,7% para 2023 e 4,1% para 2024”, diz Maluf.

Especialista em mercado analisa IPCA-15 de julho

André Fernandes, especialista em mercado de capitais e sócio da A7 Capital, em entrevista para a Suno, avaliou que o resultado do IPCA-15 veio melhor do que o mercado esperava; “O consenso do mercado era queda de -0,03% na variação mensal, e veio -0,07%. Na variação anual, o índice ficou em -3,19%, o consenso do mercado era de -3,26%,” explicou o especialista e sócio.

Entre os itens que mais impactaram o dado de agora, o especialista destaca a alta no preço dos combustíveis (gasolina) na comparação mensal que teve um aumento de 3%, e pesa no IPCA. Essa alta é decorrente, principalmente, da volta dos tributos nos combustíveis.

Por outro lado, Fernandes destaca a baixa na conta de energia elétrica residencial, que teve uma queda de -3,4% e também tem um grande peso no índice. “Na minha opinião, pode ser um reflexo do clima. No verão ficamos em bandeira vermelha, hoje estamos em bandeira verde, que é a menor. Também é importante destacar que ainda não vimos nesses dados impacto nos preços dos veículos novos com o programa do Governo, o que ainda pode pesar futuramente no IPCA.”

O setor de serviços, que tem atraído muita atenção do mercado atualmente, mostrou dados de contínua aceleração, porém abaixo do mês anterior e também abaixo da média histórica. “Dados dos serviços subjacentes, que excluem os itens mais voláteis, já começam a inflexionar para baixo ao olharmos a média móvel dos últimos 3 meses, com uma variação anual de 5,7%”, analisa Fernandes.

Reação do mercado

A reação do mercado aos números atualizados do IPCA-15 foi imediata. “Na abertura do mercado futuro, vimos a curva de juros fechando mais (caindo), e as apostas nas opções do Comitê de Políticas Monetárias (Copom) se destacando o corte de -0,50% na taxa Selic na próxima reunião, que saiu de 47% de probabilidade para 63%”, conclui o especialista.

Com informações de Estadão Conteúdo

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Vinícius Alves

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