IPCA-15 retoma escalada, a 0,44% em maio, com medicamentos mais caros e sem impactos do RS

O principal indicador prévio da inflação, o IPCA-15 avançou 0,44% em maio, influenciado majoritariamente pelo segmento de saúde e cuidados pessoas, devido às altas no preço de medicamentos e produtos farmacêuticos.

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O resultado do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) do mês de maio apresentou uma variação de 0,23 ponto percentual (p.p.) em relação ao resultado de abril (0,21%).

O resultado do IPCA-15 foi principalmente impactado pelo grupo de Saúde e cuidados pessoais (1,07%), com alta de 1,07% e impacto de 0,07 p.p. no índice geral. O grupo Artigos da Residência foi o único a apresentar queda (-0,44%), com impacto de -0,02 p.p no índice geral.

“Apesar de um IPCA mais forte que abril, observamos um qualitativo positivo. Houve uma desaceleração, tanto na variação mensal quanto anual, da inflação de serviços subjacentes”, comenta Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research.

O IPCA-15 de maio foi divulgado hoje (28) pelo IBGE.

Nos últimos 12 meses, a variação do IPCA-15 foi de 3,70%, abaixo dos 3,77% observados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em maio de 2023, o IPCA-15 acumulou alta de 0,51%.

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Alimentação, transportes e saneamento ficam mais caros

Entre os alimentos que mais ficaram caros no período, cebola (16,05%), do café moído (2,78%) e do leite longa vida (1,94%) se destacam.

Na ponta oposta, o feijão carioca (-5,36%), as frutas (-1,89%), o arroz (-1,25%) e as carnes (-0,72%) apresentaram preços mais baratos.

Ao todo, a alimentação em casa (no domicílio) aumento 0,22% em maio. Enquanto isso, o custo de comer fora teve uma alta de 0,37%, acelerando em relação a abril (0,25%).

No grupo Transportes, houve aumento no preço da gasolina (1,90%) e no custo das passagens aéreas (6,04%).

No grupo Habitação (0,25%), a alta das taxas de água e esgoto (0,51%) foi influenciada pelos reajustes de 6,94% em São Paulo (1,39%), em 10 de maio, e de 1,95% em Goiânia (1,01%), no dia 1º de abril.

O que o mercado achou do IPCA-15 de maio?

No radar econômico, dois pontos ainda devem impactar os próximos dados do IBGE, afirma Sung. São eles, a inflação de alimentos por conta da tragédia no Rio Grande do Sul (RS) e as expectativas de inflação.

“O IPCA-15 de maio ainda não captou os impactos da tragédia no RS. Apesar da colheita de algumas culturas já terem sido feitas, a logística está comprometida – tanto para o escoamento quanto o recebimento de insumos – o que pode pressionar os preços dos alimentos”, avalia o economista-chefe.

De acordo com Sung, o real impacto sobre a região só poderá ser medido após a água abaixar, mas a expectativa inicial é de um impacto de 0,1 p.p. a 0,2 p.p sobre o IPCA de 2024.

O segundo ponto gira em torno das expectativas de inflação retiradas do Boletim Focus, que seguem subindo. Na divulgação desta semana, as expectativas para 2024 e 2025 cresceram pela terceira e quarta semana consecutiva, respectivamente. A expectativa de 2026, que estava estacionada em 3,50%, passou para 3,58%.

“Entre os motivos que explicam essa desancoragem são as dúvidas em relação à política fiscal brasileira, a credibilidade do Banco Central e especulações com o compromisso da autoridade monetária em atingir a meta de inflação“, diz o economista.

Nesse contexto, o mercado espera que a autoridade monetária adote uma abordagem cautelosa em suas próximas reuniões, mesmo com um cenário de inflação corrente benigna.

“Para o próximo Copom, estimamos um corte de 0,25 p.p. na taxa Selic. No entanto, se houver uma piora no cenário internacional e doméstico, o Banco Central pode optar por manter a taxa de juros no atual patamar de 10,50% a.a,” complet Sung, após resultado do IPCA-15.

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Camila Paim

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