A alta de 0,99% registrada em fevereiro pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) foi a mais elevada para o mês desde 2016, quando ficou em 1,42%, segundo os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira (23).
O resultado fez a taxa acumulada em 12 meses passar de 10,20% em janeiro para 10,76% em fevereiro, o resultado mais elevado para o IPCA-15 desde fevereiro de 2016, quando a taxa foi de 10,84%.
O IPCA-15 de fevereiro ficou acima do teto das estimativas dos analistas do mercado financeiro, que esperavam uma alta de 0,53% a 0,96%, com mediana positiva de 0,87%.
Para o economista-chefe da Ativa Investimentos, Étore Sanchez, o indicador de inflação ‘surpreendeu’, já que a projeção da casa era ainda menor, de 0,77%.
“Nosso desvio, tal qual grande parte do desvio do mercado, foi no grupo transportes, sendo que 5bps foram oriundos de uma subestimação de gasolina e outros 4bps foram de veículos. A dinâmica inflacionária também é ruim, com artigos de residência e vestuários não cedendo conforme o esperado e representando outros 5bps de desvio por subestimação de variação”, diz o especialista.
“Nossa perspectiva de 0,78% para o IPCA fechado desse mês ganha contornos altistas, ao passo que o ano também pela dinâmica de núcleos ainda muito ruim. Potencialmente nosso ano também deve ser revisto marginalmente para cima”, segue.
A taxa acumulada em 12 meses também ficou acima do teto das projeções, que iam de avanço de 10,26% a 10,73%, com mediana de 10,63%.
“O resultado do IPCA-15 de hoje acende um alerta sobre nossa perspectiva de elevação da Selic de ‘apenas’ 50bps em maio. De todo modo, seguimos esperando duas elevações, 100bps e 50bps nas próximas reuniões“, destaca o especialista da Ativa Investimentos.
Em termos setoriais, os gastos das famílias com alimentação e bebidas passaram de uma alta de 0,97% em janeiro para 1,20% em fevereiro.
O grupo Alimentação e bebidas deu uma contribuição de 0,25 ponto porcentual para a taxa de 0,99% do IPCA-15 deste mês.
A alimentação no domicílio saiu de uma elevação de 1,03% em janeiro para avanço de 1,49% em fevereiro.
A alimentação fora do domicílio desacelerou de uma alta de 0,81% em janeiro para 0,45% em fevereiro. A refeição fora de casa aumentou 0,57% este mês, enquanto os preços do lanche subiram 0,09%.
Educação é o grupo de maior impacto no IPCA-15
Os reajustes de mensalidades escolares no início do ano letivo impulsionaram os gastos das famílias com Educação em fevereiro.
O custo da Educação subiu 5,64% este mês, grupo de maior impacto no IPCA-15, uma contribuição de 0,32 ponto porcentual.
A maior contribuição partiu dos cursos regulares (6,69%), devido aos reajustes praticados no início do ano letivo.
Houve altas de preços no ensino fundamental (8,03%), pré-escola (7,55%), ensino médio (7,46%), creche (6,47%) e ensino superior (5,90%).
Também ficaram mais caros os gastos com curso técnico (4,40%) e pós-graduação (2,93%).
Já os gastos das famílias brasileiras com Habitação recuaram de um aumento de 0,62% em janeiro para uma elevação de 0,15% em fevereiro, o que resultou numa contribuição de 0,02 ponto porcentual para a taxa de inflação de 0,99% registrada neste mês.
A maior contribuição para o freio no ritmo de aumentos de preços foi da energia elétrica, que ficou 0,82% mais barata, uma contribuição negativa de 0,04 ponto porcentual.
Houve redução de PIS/Cofins e de ICMS em Porto Alegre, mas aumento do tributo e da contribuição de iluminação pública em Goiânia. Desde setembro, permanece em vigor a bandeira tarifária Escassez Hídrica, que acrescenta R$ 14,20 à conta de luz a cada 100 kWh consumidos.
Habitação registrou elevações de preços no aluguel residencial (1,00%) e no condomínio (0,87%). Segundo IPCA-15, a taxa de água e esgoto subiu 0,33%, em decorrência de reajustes em Fortaleza e Goiânia.
Com informações do Estadão Conteúdo