IPCA-15, prévia da inflação, avança 1,73% em abril, maior alta para o mês em 27 anos

A prévia da inflação oficial do Brasil, registrada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – 15 (IPCA-15), acelerou sua alta em 0,78 pontos percentuais (p.p.) em abril. O indicador de inflação registrou avanço de 1,73% nos preços entre março e abril.

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De acordo com dados divulgados pelo IBGE nesta quarta-feira (27), a variação do IPCA-15 em abril, de 1,73%, foi a maior para o mês de abril desde 1995, quando o registro foi de 1,95%.

No ano, a prévia da inflação acumula alta de 4,31% e, em 12 meses, a soma de registros do IPCA-15 chega a 12,03%, bastante acima dos 10,79% registrados nos 12 meses imediatamente anteriores a abril.

Os valores vieram abaixo do esperado pelos especialistas. De acordo com a mediana de projeções pelo consenso Refinitiv, a alta do IPCA-15 seria de 1,85%. Já a inflação em 12 meses prevista pelo mesmo compilado apontava uma mediana de alta de 12,16%, acima do registro do IBGE.

Em relatório, o IBGE destaca que o resultado foi influenciado pelos Transportes, que variou +3,43% e teve um impacto de 0,74 p.p. no indicador de inflação. Os preços dos alimentos e bebidas vem em seguida, com alta de +2,25% e impacto de 0,47 p.p..

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O que pesou no IPCA-15 de abril

Em Transportes, pesou no indicador o aumento no preço da gasolina, que teve alta de 7,51% e contribuiu com o maior impacto individual no índice de inflação do mês (0,48 p.p.), reflexo do reajuste no preço médio do combustível nas refinarias.

Também subiram os preços do óleo diesel (13,11%), do etanol (6,60%) e do gás veicular (2,28%). As passagens aéreas, que haviam recuado em março (-7,55%), subiram 9,43% em abril. Houve altas ainda nos preços dos táxis (4,36%), nas passagens de metrô (1,66%) e dos ônibus urbanos (0,75%).

Já em Alimentos e Bebidas, as maiores altas foram dos itens consumidos no domicílio (3,00%), principalmente, o tomate (26,17%) e o leite longa vida (12,21%), que contribuíram conjuntamente com 0,16 p.p. no resultado do IPCA-15.

Outros produtos também tiveram altas expressivas: a cenoura (15,02%), o óleo de soja (11,47%), a batata-inglesa (9,86%) e o pão francês (4,36%).

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A variação de todos os grupos registrada pelo IPCA-15 em abril foi a seguinte:

  • Transportes: +3,43%
  • Alimentação e bebidas: 2,25%
  • Vestuário: 1,97%
  • Habitação: 1,73%
  • Artigos de residência: 0,94%
  • Despesas pessoais: 0,52%
  • Saúde e cuidados pessoais: 0,47%
  • Educação: 0,05%
  • Comunicação: -0,05%

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O que dizem os especialistas

Luca Mercadante, economista da Rio Bravo, observa que a pressão inflacionária continua elevada, apesar da surpresa positiva de vir abaixo do projetado pelo mercado financeiro. “O tom negativo está no nível da alta variação dos preços e do qualitativo negativo. Em quase todos os grupos foi observada aceleração dos preços”, escreve ele, em nota.

O economista destaca que os preços dos alimentos continuam se elevando com as quebras de safra, especialmente no sul. Já em Transportes, a elevação dos preços foi menor do que a esperada, mas o cenário externo continua contribuindo para os altos níveis de inflação.

“Mesmo abaixo das expectativas, a divulgação não altera o cenário da inflação no ano e o tom permanece negativo. A variação dos preços permanece elevada e não causa grandes alterações nas nossas perspectivas.  Assim, ainda acreditamos que o Banco Central tenha que elevar seus juros além dos 12,75% prometido, estendendo o ciclo até junho, para conter a inflação e as expectativas que continuaram a se elevar no último Focus”, diz Mercadante.

Os economistas do Banco Original também indicam “surpresa positiva”, mas com ressalvas. “Bens semiduráveis e, especialmente, não duráveis, trouxeram resultados inflacionários acima do esperado, refletindo o ambiente de demanda ainda aquecida por artigos de residência (como mobiliário, cama e banho e eletrônicos) e vestuário”.

Em nota, eles indicam que esperam um IPCA de 7,7% ao fim de 2022, além de inflação fora do centro da meta em 2023 também, de 4,5% frente os 3,25% projetados.

Diferença IPCA-15 e IPCA

O IPCA-15 difere do IPCA (inflação oficial do Brasil) apenas no período de coleta, que abrange, em geral, do dia 16 do mês anterior ao 15 do mês de referência, e na abrangência geográfica.

Atualmente, a população-objetivo do IPCA-15 abrange as famílias com rendimentos de 1 a 40 salários-mínimos, qualquer que seja a fonte, residentes nas regiões metropolitanas de Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba, Porto Alegre, além do Distrito Federal e do município de Goiânia. As informações são do IBGE.

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Monique Lima

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