IPCA-15, prévia da inflação, acelera 1,2% em outubro, maior variação para o mês desde 1995
A prévia da inflação oficial do Brasil, registrada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – 15 (IPCA-15), acelerou sua alta em outubro e registrou uma nova máxima para o mês dentro da série histórica, de 1,20% no décimo mês do ano – acima do esperado.
De acordo com dados divulgados pelo IBGE nesta terça-feira, 26, a variação em outubro, de 1,20%, ficou 0,06 ponto percentual (p.p.) acima de setembro (1,14%). Trata-se do maior registro para o mês desde 1995, quando o IPCA-15 foi de 1,34%, e o maior registro mensal geral desde fevereiro de 2016 (1,42%).
No ano, a prévia da inflação acumula alta de 8,30% e, em 12 meses, a soma de registros do IPCA-15 chega a 10,34%.
Os valores vieram acima do esperado pelos especialistas. De acordo com o consenso Refinitiv, a alta do IPCA-15 seria de 0,97% na comparação com setembro.
Em relatório, o IBGE destaca que oito dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados registraram aumento nos preços na primeira quinzena de setembro e segunda quinzena de agosto – período de análise da prévia da inflação.
A maior pressão de aumento nos preços veio do setor de Transportes, que variou +2,06% em outubro e teve um impacto de 0,43 p.p. no indicador de inflação.
“O destaque de Transportes foram as passagens aéreas, que tiveram alta de 34,35%, registrando impacto de 0,16 p.p. Houve aumento no preço em todas as regiões, sendo a menor delas em Goiânia (11,56%) e a maior em Recife (47,52%)”, informa o relatório.
O que pesou no IPCA-15 de outubro
Além de Transportes, pesou no indicador o setor de Habitação, que variou 1,87% e teve um impacto de 0,30 p.p..
A alta decorre, em grande medida, da vigência da bandeira tarifária Escassez Hídrica, em todo o período de referência do índice. Essa bandeira prevê um acréscimo de R$ 14,20 na conta de luz a cada 100 kWh consumidos, o mais alto entre todas as bandeiras.
A variação de todos os grupos registrada pelo IPCA-15 em outubro foi a seguinte:
- Transportes: +2,06%
- Habitação: +1,87%
- Alimentação e Bebidas: +1,38%
- Vestuário: 1,32%
- Despesas Pessoais: +0,77%
- Artigos de Residência: +0,53%
- Comunicação: +0,34%
- Educação: +0,09%
- Saúde e Cuidados Pessoais: -0,01%
O que pensam os especialistas?
Para o economista-chefe da Ativa Investimentos, Étore Sanchez, o IPCA-15 de outubro surpreendeu a mediana do mercado em 1,00%, a perspectiva da Ativa de 1,04% e a máxima do mercado, em 1,06%.
O economista destaca o aumento das passagens aéreas. “Esse subitem tem variação praticamente repetida no IPCA fechado e encomenda uma revisão altista do índice para outubro”, diz em nota.
Além de passagem aérea, Sanchez destaca o avanço de energia elétrica “para além do esperado”, superando a perspectiva da casa.”Outro desvio da mesma magnitude veio em Vestuário, completamente contra sazonal”, diz o economista.
No geral, a perspectiva de Sanchez após o IPCA-15 de outubro é de uma revisão altista, por conta da revisão da inflação corrente. “Assim deveremos assistir nossa projeção migrar para algo ao redor de 9,0%”, afirma em nota.
Nesta semana, o relatório Focus do Banco Central indicou um IPCA de 8,96% ao final de 2021. Comparado ao acumulado de 12 meses da prévia da inflação divulgada hoje, a distância é de 1,38 pontos percentuais.
Na ata de sua última reunião, o Copom avaliou que a inflação ao consumidor medida pelo IPCA se mostra “persistente”. Com isso, indicaram uma nova alta de 1 p.p. no juro básico da economia em sua próxima reunião, marcada para essa semana.
Porém, especialistas já avaliam um aumento maior para a taxa básica de juros do Brasil, de pelo menos 1,5 p.p.. A divulgação do IPCA-15 pelo IBGE hoje reforça a opinião de aumento mais agressivo pelo comitê.