A Iochpe-Maxion (MYPK3) teve um prejuízo líquido de R$ 129,70 milhões no quarto trimestre do ano passado, revertendo o lucro de R$ 39,10 milhões do mesmo período do ano anterior. De acordo com o balanço divulgado na noite da última quarta-feira (3), o prejuízo anual foi de R$ 491,78 milhões, frente a um lucro de R$ 337,43 milhões registrado em 2019.
A receita operacional líquida, por outro lado, cresceu 21,8% no quarto trimestre na comparação anualizada, de R$ 2,33 bilhões para R$ 2,84 bilhões. O lucro bruto da Iochep-Maxion também creceu, de R$ 227,64 milhões para R$ 261,61 milhões, avanço de 14,9%.
Os maiores impactos vieram em depesas operacionais, com um crescimento de 14,6%, para R$ 165,90 milhões, e o item descrito como “outras despesas/receitas operacionais”, que saiu de um resultado positivo de R$ 23,76 milhões no quarto trimestre de 2019 para perda de R$ 103,51 milhões entre outubro e dezembro do ano passado.
Já desidratado, o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) caiu 26,1%, para R$ 159,01 milhões. Com isso, o lucro operacional saiu de R$ 104,09 milhões para R$ 9,66 milhões negativos.
Também foi observado um grande movimento negativo no resultado financeiro, que teve um prejuízo de R$ 57 milhões no quarto trimestre, aumento de 211,8% na comparação com o quarto trimestre de 2019. De acordo com a empresa, contribuíram para o desempenho negativo nesse item:
- Aumento de despesas financeiras decorrentes de novas captações de dívida;
- Desvalorização do real frente ao dólar e ao euro;
- Reconhecimento de valor relativo a decisões favoráveis de exclusão do ICMS da base de cálculo do PIS/COFINS.
O endividamento líquido da empresa atingiu R$ 3,51 bilhões ao final de 2020, um aumento de 45,5% em relação ao final do ano anterior. Fortemente influenciado pela variação cambial do período e pela aguda redução dos volumes em especial nos dois trimestres anteriores.
A companhia destacou que, ao contrário dos trimestres anteriores, os últimos três meses do ano passado registraram uma recuperação do mercado automotivo global (desconsiderando a China).
O crescimento foi de 0,9% na produção, demonstrando que a retomada da atividade está em curso no setor, após os tombos de 60% no segundo trimestre e de 10% no terceiro trimestre.
Mercado brasileiro trouxe desafios em 2020, diz Iochpe-Maxion
Em carta aos acionistas, o CEO da Iochpe-Maxion, Marcos Oliveira, disse que o ano passado foi repleto de desafios gerados pela pandemia do novo coronavírus (Covid-19), sobretudo no mercado brasileiro.
“A velocidade de recuperação da indústria gerou desafios em alguns elos da cadeia produtiva e no fornecimento de matérias-primas, particularmente no Brasil. Dado as ações tempestivas da companhia, conseguimos evitar perdas de volumes relevantes, porém, tivemos ineficiências operacionais”, afirma o presidente da empresa.
Segundo ele, essas ineficiências se referem a aumento de horas extras e aumento na frequência de troca de ferramentais, por exemplo. Esses aspectos foram os principais ofensores das margens da empresa no quarto trimestre.
Contudo, a administração da companhia salienta que manteve uma posição de caixa robusta de R$ 1,6 bilhão. O índice de liquidez corrente, dada pela relação entre os ativos de curto prazo (como o caixa) e o passivo circulante (como a dívida de curto prazo), saiu de 0,70 vez no terceiro trimestre para 0,84 vez no quarto trimestre.
As ações da Iochpe-Maxion encerraram o pregão da última quarta-feira negociadas a R$ 12,71. No ano passado, os papéis caíram mais de 30%, enquanto nesse ano a perda já acumula 18%.