Involves prepara rodada Série B para injetar ‘ROI na veia’ de fabricantes e mira mercado europeu
Para seguir elevando a produtividade e vendas de fabricantes, a startup de soluções para trade marketing Involves busca expandir o raio de atuação para a Europa e prepara uma rodada de Série B.
Criada em 2009, a Involves surgiu do anseio dos seus fundadores — os então estudantes de Sistema da Informação Leonardo Coelho, Gabriel Nunes, Guilherme Coan e Pedro Galoppini, além de Rodrigo Lamin (hoje fora da operação) e o atual CEO André Krummenauer — de montar um negócio de software com receita recorrente, ou de SaaS (software as a service).
Na tentativa e erro, a startup se encontrou, após o desenvolvimento de dez soluções, no mercado de trade marketing — em que ocorre a relação entre varejo e indústria.
Em resumo, indústrias compram espaço nas gôndolas de redes de varejo para expor os produtos. Leonardo Coelho, cofundador e CTO da Involves, explicou que essas empresas geralmente têm promotores de venda, que vão às unidades a fim de fazer a exposição, verificar preços e identificar práticas concorrenciais.
Para ajudá-los, a startup criou o Involves Stage, carro-chefe da empresa hoje. O software auxilia na visualização e facilita a coleta de dados. Dentro da solução, a companhia passou a oferecer o reconhecimento por imagem, para transformar fotografias em dados e economizar tempo.
“Tem um ganho jornada. Com o promotor conseguindo visitar mais lojas, deixar a execução do cliente boa (olhar para a prateleira e dizer: isso está bonito, vou comprar), consegue executar mais”, ilustrou Leonardo Coelho. “É ROI na veia.”
Além disso, a empresa desenvolveu o Involves Doors, solução voltada para o varejo em formato on demand, com o objetivo de aprimorar a execução e elevar as vendas, com menos esforço.
Segundo o CTO, a companhia agora trabalha em uma ferramenta de roteirização. A proposta é oferecer um produto para otimizar rotas e distribuição de pessoas e elevar recursos. Um promotor que mora ao lado de um supermercado não precisa necessariamente ir à unidade todos os dias. Há variáveis como o tamanho da operação, a posição no portfólio do cliente e a rotatividade. A solução está em fase de MVP.
“Na universidade brincávamos muito com a questão do caixeiro-viajante: como uma pessoa visita vários pontos de venda da melhor maneira possível?” A startup trabalha no serviço há quase quatro meses e está rodando o piloto com dois clientes no País. A solução tem previsão para chegar à base de clientes na primeira metade de 2022.
Involves mira internacionalização
A companhia começou a operação no Brasil e hoje atua em quase todos os países abaixo do México, afirmou Coelho. Atualmente o grupo atende 900 marcas de 500 clientes, incluindo Unilever (ULEV34), Kraft Heinz (KHCB34) e outras multinacionais.
De acordo com o executivo, o perfil de clientes puxou o negócio para a América Latina. Antes da pandemia do novo coronavírus (Covid-19), a empresa registrava escritórios no México e na Colômbia, responsáveis pela prospecção de clientes no países vizinhos.
De março a julho de 2020, a Involves perdeu quase 100 pessoas dos 300 funcionários da equipe, em razão do recrudescimento da crise sanitária no Brasil. Os negócios andaram praticamente de lado, com o segmento de bens de consumo compensando o declínio nos de serviços e eletrônicos.
As vendas começaram a ganhar tração novamente em meados do terceiro trimestre. No final de 2020, a receita recorrente mensal (MRR, na sigla em inglês) atingiu R$ 4 milhões e a previsão para 2021 é fechar em R$ 6 milhões.
Com o resultado no Braisl e na Américas Latina, multinacionais puxam a Involves para a Europa. O plano para 2022 é estruturar as operações no Velho Continente, nas vertentes de Comercial, Suporte e Customer Success. A princípio, a ofensiva focará em Espanha, Alemanha e Reino Unido.
Startup quer cheque para custear expansão
Para financiar as novas iniciativas e a internacionalização dos serviços, a Involves negocia uma nova rodada de captação. No final de 2019, a Involves recebeu um aporte de R$ 23 milhões em rodada Séria A liderada pela Brigdge One. A Série B ainda está em estágio de negociação e deve vir à tona no meio do ano que vem. A companhia também não descarta a possibilidade de uma operação de M&A (fusões e aquisições), caso a injeção de recursos venha a ser superior e a parceria faça sentido. Empresas do universo industrial e de varejo ligados à prática do trade marketing estão na jogada.