Vale a pena investir no agronegócio em 2022?

Nos últimos meses, a conjuntura mundial colocou em xeque os diversos setores da economia que estavam com expectativas de recuperação após dois anos de pandemia. Com o advento da crise internacional de logística, a inflação em alta histórica e o subsequente reajuste das taxas de juros pelos Bancos Centrais, muitos investidores passaram a buscar refúgio na renda fixa para proteger seu patrimônio. Mas, em meio a esse cenário, investir no agronegócio tem se tornado uma solução cada vez mais eficaz para quem busca proteger seu capital e manter uma rentabilidade superior.

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É sobre isso que vamos falar hoje, no primeiro dia da Semana do Fiagro do Suno Notícias, com o apoio da XP Asset e da Ecoagro. Você pode acompanhar tudo neste link.

Nesse cenário, analistas acreditam que ativos do ramo do agronegócio têm a capacidade de proporcionar aos investidores uma ferramenta de diversificação global com maior exposição ao dólar — o que pode ser estratégico na hora de alocar seu capital de maneira defensiva em períodos de instabilidade econômica e política.

É isso o que afirma Regis Chinchila, analista da Terra Investimentos. Segundo ele, investir no agronegócio pode ser uma alternativa mais rentável e segura em 2022 para quem não pode assumir o risco de colocar seu capital em fundos mais voláteis e ainda assim busca um retorno considerável.

“As perspectivas para o agronegócio brasileiro são favoráveis para o segundo semestre de 2022, com expectativa de recuperação no consumo interno e preços das commodities em patamar ainda altos no mercado internacional, refletindo problemas de ofertas por variáveis diversas como guerra na Ucrânia e sanções à Rússia,” disse Chinchila. “O Brasil é uma das principais economias do mundo no setor e surfa nos preços das commodities, o que acreditamos que devem continuar favoráveis.”

No ano anterior, o setor impulsionou o Produto Interno Bruto (PIB) do país e chegou a atingir um recorde de abertura de capital de empresas agro na bolsa de valores brasileira. De acordo com um levantamento da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), só neste ano o agronegócio pode chegar a representar 30% do PIB brasileiro. Isso demonstra a importância do agronegócio no Brasil.

De acordo com Geraldo Isoldi, especialista em Commodities da Terra Investimentos, os investimentos no agronegócio deram um bom retorno no primeiro semestre de 2022 e podem se tornar protagonistas no mercado. Dentre os maiores ganhos do setor, o analista destaca o papel de commodities como o Café e Boi Gordo, “apesar dos problemas de ofertas e o choque da guerra na Ucrânia”.

Para ele, o setor agrícola se encontra em um cenário muito promissor. “Após um início de temporada conturbado devido à seca que atingiu as lavouras de soja e a primeira safra de milho, as últimas estimativas oficiais (da CONAB, Companhia Nacional de Abastecimento) e de consultorias privadas apontam para uma ótima colheita 21/22,” explicou Isoldi.

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No início deste mês, a CONAB estimou uma produção total de milho em 115,2 milhões de toneladas, 32% a mais que na temporada anterior, enquanto a de soja é esperada em 124,27 milhões, 10% a menos que a temporada 20/21, mas ainda em um volume substancial, segundo os especialistas.

Isoldi comentou, ainda, que o fato de 2022 ser um ano de eleições torna o investimento no agronegócio muito mais interessante. De acordo com ele, tudo tem a ver com um fator fundamental: a segurança dos investimentos frente à volatilidade do mercado.

“De certa forma, podemos dizer que teoricamente as ações [do agronegócio] possuem uma menor volatilidade, porque os investidores conseguem por vezes precificar de uma melhor maneira as produções, demandas e ofertas das mercadorias”, disse o analista à Suno Notícias.

Para o longo prazo, as perspectivas são boas até 2032. O Ministério da Agricultura projeta que a colheita de grãos do Brasil aumentará 25,4% até a safra 2031/32, para 338,9 milhões de toneladas — para este ciclo 2021/22, as contas indicam 270,2 milhões.

Veja como investir no agronegócio:

Fiagro

Uma nova forma de investir no agronegócio é colocar capital diretamente em fundos de investimentos com o objetivo de expor a carteira a diferentes empresas do agronegócio por meio de uma aplicação só.

No ano anterior, a bolsa passou a contar com o Fiagro (Fundo de Investimento das Cadeias Agroindustriais), produto criado sob a base das regras dos fundos imobiliários (FIIs), mas com foco nos negócios rurais.

Ele é uma junção dos recursos de vários investidores para a aplicação em ativos de investimentos do agronegócio, sejam eles de natureza imobiliária rural ou de atividades relacionadas à produção do setor.

No Fiagro, o fundo realiza a captação de recursos com os investidores por meio da venda de cotas.

Os tipos de Fiagro em que você pode investir são:

  • Fiagro-FII, de ativos imobiliários rurais;
  • Fiagro-FIP, de empresas do setor;
  • Fiagro-FIDC, de direitos creditórios da agroindústria.

Este tipo de fundo pode contribuir bastante com a diversificação das carteiras e garante uma gestão profissional que acompanha a operação de investimento até o final, proporcionando a manutenção da carteira do fundo.

Segundo a B3, a maior parte dos que investem nos Fiagros são pessoas físicas (98%) e o crescimento da demanda por esse tipo de fundos foi de 416% em apenas seis meses.

“O grande diferencial do Fiagro é a capacidade do gestor, que pode pulverizar os recursos em diferentes ativos com diferentes riscos, minimizando a probabilidade de perda ao investir e garantindo a rentabilidade”, explicou André Ito, sócio da MAV Capital, gestora de recursos independente e especializada em créditos estruturados e ativos ilíquidos.

Entre os Fiagros existentes no mercado estão o EGAF11, da Ecoagro, e o XPCA11 e o XPAG11, da XP.

LCAs

As Letras de Crédito do Agronegócio (ou LCAs) são títulos de renda fixa emitidos por uma instituição financeira que destina-se à alocação de capital a investimentos no setor agropecuário.

Esses títulos são isentos de Imposto de Renda e cobertos pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC), o que assegura maior segurança para seu patrimônio investido. Os recursos provenientes deste tipo de investimentos podem ser utilizados em empréstimos para produtores rurais e cooperativas agrícolas.

Com as LCAs, o investidor pode estimar a rentabilidade dos títulos de duas formas: com a rentabilidade prefixada, com uma taxa já definida no momento da aplicação; ou pós-fixada, formato em que é possível escolher um indicador específico, como a taxa do CDI, e solicitar que o investimento acompanhe o valor durante o período específico em que é alocado.

Entre o final de 2020 e o primeiro trimestre de 2022, o número de pessoas que escolheram fazer investimentos em LCA mais que dobrou, de acordo com a B3, com um crescimento de 111%, passando de 399 mil para 843 mil investidores, e com um aumento de 104% no volume investido — passando de R$ 106 bilhões para R$ 216 bilhões.

“Um país com inflação e taxas de juros de dois dígitos torna outros tipos de ativos muito mais interessantes para quem tem um pouco mais de capital ou acesso a outros tipos de investimentos”, disse Francis Wagner, CEO do App Renda Fixa. “Hoje em dia é muito fácil e rápido abrir conta em bancos e corretoras, o que pode ser determinante na hora de se investir. Aliado a isso, o acesso por smartphones às inúmeras notícias sobre investimentos também colabora para essa migração de recursos”, explicou ele.

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CRA

Outra opção de investimento são os Certificados de Recebíveis do Agronegócio. Por serem mais arriscados, os CRAs têm rendimento acima dos títulos públicos e são lastreados em operações de crédito do agronegócio.

Ao contrário das LCAs, que financiam empréstimos, os CRAs servem para os credores adiantarem o recebimento de créditos. Vale destacar que os CRA não são garantidos pelo FGC.

Ações na Bolsa

A B3 conta com ações exclusivas do setor. No mundo dos investimentos há sempre um risco implícito. Na renda variável e, neste caso, na Bolsa, o risco é um pouco maior devido às oscilações do mercado financeiro. Contudo, com uma carteira diversificada, conhecimento do mercado e uma corretora certa, esta pode ser uma opção atrativa para buscar uma rentabilidade maior.

Este tipo de investimento pode incidir uma cobrança de IR, por isso é necessário também declarar os lucros na hora de fazer o Imposto de Renda.

Confira algumas empresas de agronegócio listadas em bolsa:

FIIs de Terras

Os Fundos de Investimento Imobiliário do agronegócio, ou FIIs de Terras, são outra forma de investir no agronegócio. Estes fundos podem ser focados em terras rurais, galpões logísticos, silos e outros espaços de armazenagem relacionados ao agronegócio.

Com os FIIs de Terras, você pode investir fundamentalmente em fazendas, silos e outros imóveis de logística, como os utilizados para a armazenagem de grãos. Alguns dos principais fundos desta categoria são Quasar Agro (QAGR11), Riza Terrax (RZTR11), o BTG Pactual Agro Logística (BTAL11) e o BTG Pactual Terras Agrícolas (BTRA11).

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Jorge C. Carrasco

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