Investindo em previdência: como escolher um bom fundo e pagar menos taxas e impostos?
Fundos de previdência estão dentre os tipos de investimento mais ofertados aos investidores pessoa física em grandes instituições financeiras, tendo um horizonte de longuíssimo prazo – porém nem sempre com a melhor dinâmica de custos e o melhor portfólio de ativos.
Em suma, fazer um aporte em um fundo de previdência sem comprar com outros ativos pode levar o investidor pessoa física direcionar seus recursos em algo que implica em custos muito elevados e muitas vezes desempenho abaixo de benchmarks relevantes, como o CDI e o Ibovespa.
Apesar disso, houve uma melhora com o aumento de competitividade no mercado financeiro, explica o Educador Financeiro e Professor da FIA Business School, André Massaro.
“Hoje já é mais difícil encontrar um fundo com taxa de carregamento; o lado de custos melhorou, mas é algo relevante e o investidor tem que olhar taxas mais baixas. Em termos de estratégia, a análise do fundo de previdência não é diferente de um fundo multimercado ou de renda fixa. Tem que fazer análise de perfil, e lembrar que os fundos de previdência são sempre de longuíssimo prazo”, explica.
Segundo Andressa Bergamo, sócia-fundadora da AVG Capital, Uma carteira diversificada é a melhor alternativa – portanto, o ideal é ter uma parcela de renda fixa, multimercado e até mesmo ações.
“Na maioria das vezes, fundos mais conservadores têm menos taxas do que os arrojados. Isso porque fundos com mais volatilidade são mais trabalhosos e também podem trazer melhores retornos ao investidor”, comenta.
De um modo geral, especialistas destacam que é necessário, antes de investir em um fundo de previdência, analisar:
- Perfil de risco do investidor
- Experiências anteriores com investimentos
- Prazo para atingimento do objetivo
Previdência e renda variável combinam?
Com horizonte de longo prazo, o aporte em fundos de previdência que possuem exposição em ações passou a ser mais comum dado o ambiente de juros historicamente baixos visto entre 2019 e início de 2021.
Além disso, em um ambiente de juros de menos de dois dígitos e mais próximo do ‘juro zero’ tradicional dos Estados Unidos, fica mais confortável dedicar uma parcela do dinheiro da aposentadoria às ações e ativos derivados, explica Massaro.
“Nos EUA é normal ter 60% do patrimônio líquido em renda variável, isso é regrinha ensinada em recomendação de livro de finanças pessoais de aeroporto. Aqui no Brasil, 60% em renda variável denota alguma agressividade. Em períodos de juros baixos, é sempre saudável ter mais renda variável. No extremo longo prazo, alguém com uma perspectiva boa no Brasil deve colocar uma participação expressiva em renda variável, algo bem razoável dependendo do perfil de risco“.
Danilo Carrillo, especialista em previdência privada e seguros da Warren, destaca que diversificação em fundos de previdência que invistam em classes de ativos mais voláteis, como ações, por exemplo, é muito importante para a formação de uma carteira equilibrada.
“No entanto, essa alocação deve ser ‘calibrada’ de acordo com o perfil de risco dos investidores. Por ser conceitualmente um investimento de longo prazo, é recomendável que, ao contratar um plano de previdência, os investidores com perfil moderado e arrojado diversifiquem os investimentos incluindo as classes de ativos mais arrojadas por meio de fundos de previdência multimercados ou ações”, explica.
“A porcentagem de alocação em ativos mais voláteis dependerá também da qualificação do investidor: De acordo com a legislação atual, os investidores qualificados podem investir em fundos de previdência que contenham até 100% de ações na carteira. Para investidores não qualificados, esse limite é de 70%.
Quanto mais arrojado o perfil do investidor e quanto maior o prazo para atingimento do objetivo, maior poderá ser a parcela de investimento nos fundos com classes de ativos mais voláteis”, completa.
Vantagens tributárias
Além disso, investir em previdência denota uma série de benefícios fiscais. Massaro aponta que ao optar pela alíquota regressiva isso faz com que, no longo prazo, o imposto pago seja substancialmente menor, oferecendo uma vantagem fiscal interessante ante fundos multimercado, de ações ou outras classes encontradas na prateleira das corretoras.
Carrilo, da Warren, afirma ainda que a dedução do Imposto de Renda também figura como uma vantagem e um atrativo a mais.
“Um dos principais diferenciais dos planos de previdência do tipo PGBL (Plano Gerador de Benefício Livre) é a possibilidade de redução e diferimento de imposto de renda para quem realiza a declaração anual pelo modelo completo de IR. Isso ocorre porque as contribuições ao PGBL podem ser deduzidas da base de cálculo do imposto em até 12% da renda bruta anual”, comenta.
“Para exemplificar, considere uma pessoa com renda bruta anual de R$ 200 mil, que contribuiu com 12% desse valor durante o ano de 2022 para um plano PGBL. As contribuições resultam em uma restituição de imposto de renda de R$ 6,6 mil. Ou seja, 27,5% dos R$ 24 mil de contribuições no ano”, explica.
Adicionalmente, o especialista aponta que em alguns Estados do Brasil, como São Paulo, Santa Catarina, Espirito Santo e Mato Grosso, não há a incidência do ITCMD (Imposto de transmissão causa mortis e doação) sobre a devolução de saldo dos planos de previdência aos beneficiários.
“A alíquota de IRPF da previdência é uma das mais baixas do mercado, pois na modalidade ‘regressiva’ pode chegar até a 10%”, afirma Bergamo, da AVG.