O economista do Instituto de Finanças Internacionais (IIF, na sigla em inglês), Jonathan Fortun, indicou nesta segunda-feira (17) que acredita em uma lenta retomada dos investimentos estrangeiros para o Brasil. Ele explicou que a falta de atividade no país deve fazer com que o capital estrangeiro demore para voltar à níveis pré-pandêmicos.
Fortun informou que os emergentes em geral sofreram com a saída de capital estrangeiro, porém vê a possibilidade de recuperação. “Observamos que o impacto da crise da Covid-19 sobre a saída de capitais dos emergentes foi uma espécie de dominó geográfico global com início na China. A recuperação também tem seguido esse padrão”, disse o economista do IIF.
“O Brasil, no entanto, não é um bom exemplo desse movimento porque sentiu mais rápido os efeitos da crise e também porque já vinha de uma dinâmica específica anterior. Antes de junho, o último mês positivo para a renda variável do Brasil havia sido novembro. A renda fixa teve nove meses negativos em 2019 antes de apresentar algum fluxo positivo em janeiro e fevereiro”, explicou Fortun.
Fortun nota que há um escrutínio maior não apenas sobre o Brasil, mas sobre todos os demais emergentes na saída da crise. “O investidor estrangeiro está tomando o cuidado de olhar mais atentamente a situação de cada país. Até o inicio do ano passado, nós víamos que não havia tanta seletividade por parte do investidor global em comprar, digamos, dívida ou ações do Perú ou dos Emirados Árabes Unidos. Agora, estão mais atentos às perspectivas individuais e seletivos em suas alocações”, afirmou.
Além disso, o economista indicou que o Brasil sofre mais com falta de credibilidade internacional por contar uma moeda mais volátil, o real. Durante o ano, a moeda registrou uma brusca desvalorização quando comparada com outras moedas emergentes.
IIF aponta que emergentes voltaram a atrair investimentos em julho
O fluxo de investimentos em ações e em títulos de mercados emergentes mostrou sinais de recuperação no último mês de julho, com o dólar americano mais fraco e estímulos fiscais elevando o apetite por risco, segundo dados divulgados pelo IIF.
“Começamos a ver recuperação em algumas das partes mais atingidas do mercado de capitais”, escreveu Jonathan Fortun em outro documento. “Há muito foco sobre o quanto essa tendência será sustentada e em que extensão é sentida pelos mercados emergentes.”
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De acordo com a instituição internacional, a desvalorização da moeda americana e a política acomodativa do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) elevaram as apostas no mundo em desenvolvimento. Com isso, os mercados emergentes atraíram cerca de US$ 15,1 bilhões (equivalente a R$ 80,48 bilhões) em entradas líquidas de capital não residente durante o mês de julho.