A crise causada pelo coronavírus (covid-19) deixa muitos investidores em dúvida sobre como se proteger da inflação em alta. Com os preços dos produtos subindo, quem investe em renda fixa tem que ficar atento para não ver a inflação derreter os rendimentos.
Segundo especialistas consultados pelo SUNO Notícias, com o cenário de inflação em alta, os investidores devem buscar opções de renda fixa pós-fixadas e produtos atrelados à inflação, como o Certificado de Depósito Bancário (CDB) e as debêntures, para que possam se proteger do aumento dos preços.
A opção ocorre pois, com o aumento de preços, o Banco Central (BC) pode optar por subir a taxa básica de juros (Selic) para conter qualquer alta da demanda no País.
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Assim, os investimentos prefixados perderiam rendimento, já que as taxas são previamente acertadas no momento da aplicação.
“Em um cenário de inflação subindo rápido, a única coisa que o investidor não tem que ter são papéis prefixados. Esses papéis vão te pagar taxa fixa ao longo do tempo, mas a inflação pode ser igual ou maior do que aquele dinheiro”, disse Ricardo Valente, sócio fundador da One Partners.
Já as opções pós-fixadas têm o rendimento nominal conhecido no momento do resgate da aplicação e, por isso, se beneficiam de um cenário de alta dos juros no futuro.
Inflação em alta preocupa
A alta da inflação, mesmo em meio a uma queda do Produto Interno Bruto (PIB), preocupa especialistas. Hoje, o Boletim Focus voltou a elevar a expectativa pela inflação deste ano, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
De acordo com a publicação do Banco Central (BC), os especialistas do mercado esperam que a inflação de 2020 seja de 3,02%. Essa foi a 12ª semana consecutiva de aumento nas expectativas.
Além disso, outro indicador da inflação também está em alta. O Índice Geral de Preços de Mercado (IGP-M) teve a 15ª semana consecutiva de aumento na projeção, passando a 19,72% neste ano.
De acordo com Ricardo Valente, sócio fundador da One Partners, a alta da inflação atualmente não vem de um descasamento entre oferta e demanda, mas sim de uma desvalorização muito forte do real.
“Você teve um choque de câmbio muito grande, com o dólar passando de R$ 3,50 para quase R$ 6. O câmbio já explica boa parte das pressões inflacionárias. Ao mesmo tempo, existe uma deterioração do quadro fiscal. Isso gera dúvidas sobre o futuro, forçando o mercado a buscar prêmios de riscos maiores para financiar o governo brasileiro”, disse.
As instituições filiadas à Associação Brasileira de Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) projetam que, para o fim do ano, o real fique em R$ 5,40 – uma desvalorização anual de 34%.
CDBs e debêntures ajudam investidor da renda fixa
Nesse cenário de inflação alta, o investidor que mantém parte da carteira em renda fixa possui algumas alternativas para proteger seus rendimentos da inflação medida pelo IPCA.
Segundo Virginia Prestes, professora de finanças da FAAP, o investidor pode optar por títulos do Tesouro atrelados à inflação, como o Tesouro IPCA.
“É interessante para o investidor se proteger com produtos atrelados a inflação, como Tesouro IPCA ou debêntures, principalmente de infraestrutura, CRA e CRI também”, disse
A opção por debêntures também é uma boa opção pois combinam rendimento mais variação da inflação. Dentro deste segmento, as debêntures incentivadas são uma boa opção porque têm isenção de Imposto de Renda para pessoa física.
“As debêntures incentivadas são uma grande oportunidade do mercado hoje em dia. Cabe ao investidor fazer o dever de casa e analisar o crédito, mas tem muitas empresas boas”, disse Ricardo Valente.
Segundo ele, o investidor que se pergunta como se proteger da inflação pode encontrar boas alternativas de investimento neste segmento.
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