Investimento em startups dobra em 2021 e chega a R$ 53 bilhões
Dados da plataforma Distrito mostram que o investimento em startups mais que dobrou no ano de 2021 em relação ao período anterior, chegando à cifra de US$ 9,43 bilhões (cerca de R$ 52,26 bilhões no câmbio atual), 2,6 vezes mais que em 2020, que registrou US$ 3,5 bilhões (ou R$ 19,40 bilhões).
O resultado aponta que o investimento em startups segue em crescimento constante na última década, aumentando a cada ano. Única exceção é 2016, quando a crise institucional que culminou no impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff amargou o setor produtivo brasileiro.
Ainda assim, naquele ano, o número de negócios foi maior do que o anterior: 272 aportes ante 260 de 2015. Já no balanço de 2021, foram 779 negócios fechados ante 563 de 2020.
Os investimentos de Série C – que são feitos quando a startup está mais ‘madura’ – puxam o maior volume de capital, US$ 2,04 bilhões. Entretanto, a maioria dos negócios é feita na fase Seed de investimento, 279 aportes ainda nos estágios iniciais da empresa ou 35,8% do total.
Para o cofundador da Distrito, Gustavo Araujo, em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo: “Existe um ciclo agora que não é o que a gente viveu no ano passado”.
“Conforme a gente começou a se aproximar de uma instabilidade global maior, os investidores ficaram um pouco mais racionais e subiram um pouco mais a barra”, acrescenta.
Apesar disso, frisa que o crescimento do setor deve ser freado pelas realizações de lucro aguardadas, especialmente com companhias ultrapassando a marca de unicórnio – quando uma startup chega aos US$ 1 bilhão de valuation.
Segundo a CB Insights, em levantamento global, foram mais de 725 startups que ultrapassaram a marca de US$ 1 bilhão em seu valor de mercado somente de janeiro à junho de 2021.
Somente no Brasil, 10 empresas entraram para a lista em 2021: MadeiraMadeira, Hotmart, C6, Mercado Bitcoin, Unico, Frete.com, CloudWalk, Merama, Facily e Olist.
Nos setores que mais se popularizaram e entraram para o rol de unicórnios, as fintechs lideram as pesquisas.
Brasil concentra 70% dos investimentos em startups na América Latina
Dados recentes também destacam que, até meados de setembro foram aportados US$ 13 bilhões em startups latinas, montante 13 vezes maior do que o registrado em 2016.
Os números são da Sling Hub Latam, com informações de 24,4 mil startups e 656 investidores localizados no Brasil, México, Chile, Colômbia, Argentina, Peru e Uruguai.
Entre os países latino-americanos, porém, o Brasil é o que concentra a maior parte dos investimentos destinados para as startups. Dos US$ 13 bilhões levantados neste ano no continente, US$ 9 bilhões (70% do total) foram para empresas do ecossistema brasileiro.
A disparidade é tanta que o México, em segundo lugar, concentra somente 13% do volume total de investimento em startups, com um montante de US$ 1,7 bilhão.
Conforme o levantamento, além da rede de startups do Brasil estar à frente no continente, o número de fusões e aquisições (M&As) também é relativamente grande em relação aos pares. São cerca de 83% de todas as startups adquiridas na América Latina localizadas no Brasil.
Boa parte das companhias adquirentes está listada em bolsa, como o Magazine Luiza (MGLU3) – que já comprou 25 empresas do nicho -, a Locaweb (LWSA3), a Americanas (AMER3) e o Méliuz (CASH3).
Venture Capital desempenha papel importante
Segundo a consultoria KPMG, o investimento proveniente de venture capital nunca foi tão grande – o investimento em startups, diz estudo, aumentou em várias frentes, com o valor médio de aporte aumentando assim como o número de empresas que receberam algum tipo de investimento, que foram 239 neste ano ante 195 em 2020, e 88 no ano de 2019.
Somente no terceiro trimestre do ano passado, 92 startups receberam investimentos, sendo 29 fintechs (financeiro) e insurtechs (seguros), 11 softwares e 9 logtechs (logística).
O aporte médio nas startups foi de R$ 130,7 milhões no terceiro trimestre, alta de 63% em relação valor médio registrado no mesmo período de 2020.