Investimentos nos Estados Unidos: cinco fatores para ter conhecimento
Realizar investimentos no exterior pode ser uma estratégia vantajosa para o investidor que deseja evitar a alta volatilidade do mercado brasileiro. De acordo com o CEO da Suno Research, Tiago Reis, “a Bolsa de Valores de São Paulo tem uma volatilidade muito maior do que a Bolsa de Nova York. Isso é comum em muitos países emergentes”.
Confira abaixo os cinco principais fatores a serem analisados em caso de interesse em investimentos em uma Bolsa de Valores nos Estados Unidos:
- Forma de investimento: direta.
- Forma de investimento: indireta.
- Forma de investimento: ETFs.
- Tributação.
- Dividendos.
Forma de investimento: direta
O analista de investimentos da Suno Research, Alberto Amparo, explica que existem duas formas principais para se expor a ativos estrangeiros. A escolha do tipo de investimento depende do perfil do investidor.
“O investimento direto ocorre por meio da inscrição em uma corretora norte-americana. Mas, antes de abrir uma conta em uma corretora, é necessário certificar-se de que a corretora aceita indivíduos não residentes dos Estados Unidos”, salienta o analista.
Além disso, Amparo alerta que é importante observar se a corretora é regulamentada e registrada por todos os seguintes órgãos:
- Financial Industry Regulatory Authority (Finra);
- Securities and Exchange Commission (SEC);
- Securities Investor Protection Corporation (SIPC).
O especialista da Suno Research também chama a atenção para o investidor não “perder dinheiro por custos não explícitos”. Dentre estes custos, ele destaca:
- Custo por ordem;
- Taxa de manutenção;
- Taxa de transferência para retirar ou adicionar recursos à
conta; - Taxa de inatividade;
- Outras comissões.
“Em adendo, algumas corretoras norte-americanas requerem um aporte mínimo para a abertura da conta, explica Amparo, salientando as principais vantagens para o investimento direto nos EUA. Essas seriam:
- A presença de mais de quatro mil empresas no mercado acionário norte-americano;
- Significativa presença de large caps, small caps e micro caps;
- Total ausência de spread nos dividendos;
- Posse direta da ação.
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Entretanto, os investimentos diretos nos Estados Unidos também contam com desvantagens:
- Cobrança de tarifa de envio de dinheiro;
- Procedimentos peculiares para declaração de Imposto de Renda (IR);
- Necessidade de abrir conta nos Estados Unidos.
“No caso da cobrança de tarifa, há websites que oferecem custos baixos, como o “Remessa Online”. A cobrança é de 1,3% de spread, que seria a comissão do serviço, somado a 0,38% de Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF)”, explica o analista.
Forma de investimento: indireta
A forma de investimento indireta ocorre por meio dos Brazilian Depositary Receipts (BDRs). Os BDRs são ativos norte-americanos listados na Bolsa de Valores de São Paulo (B3 – Brasil, Bolsa, Balcão). “Desta forma, não há necessidade de abrir conta nos Estados Unidos para investir no país. O investimento pode ser feito por meio da B3″, explica Amparo.
As principais vantagens dos BDRs, segundo o analista da Suno Research, incluem “a praticidade da negociação, além da ausência de requerimento de procedimentos de abertura de conta no exterior, procedimentos tributários diferentes, e pagamento de tarifas no envio de dinheiro”.
Entretanto, há também desvantagens nesta modalidade de investimento:
- Necessidade de declaração de investidor qualificado;
- Poucas opções de ativos: apenas cerca de de 130 BDRs estão listados na B3;
- Não há posse da ação, visto que um BDR não necessariamente equivale à uma ação da empresa listada nos Estados Unidos;
- Spread de 5% sobre os dividendos;
- Baixa liquidez.
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Forma de investimento: ETFs
Segundo o analista da Suno Research, o Exchange Traded Funds (ETFs) pode ser definido como “um título negociável que rastreia um índice, commodity, títulos ou grupo de ativos, como um fundo de índice. Ao contrário dos fundos tradicionais, um ETF negocia como uma ação comum em uma Bolsa de Valores“.
Amparo explica que este tipo de ativo pode ser comprado no Brasil, como é o caso do IVVB11. Tal ETF reflete o índice “S&P 500” e é composto por 500 ativos escolhidos pela Standard & Poor’s. Todos os ativos estão listados na Nyse ou na Nasdaq, ambas Bolsas de Valores norte-americanas.
Mas, também há a possibilidade de comprar este ativo nos Estados Unidos. Como explicado no investimento direto.
Os ETFs obtêm “mudanças de preço ao longo do dia, e geralmente possuem maior liquidez diária e taxas mais baixas do que as ações de fundos mútuos”, explica Amparo.
Dentre as principais vantagens dos ETFs nos Estados Unidos estão:
- o número de ativos listados é cerca de 20 vezes maior que a B3;
- maior quantidade de setores que no Brasil não são tão representativos na Bolsa de Valores. Como por exemplo, os setores de Tecnologia e Imóveis.
“Além disso, os investimentos em ETFs nos EUA aumentam as possibilidades de diversificação de ativos. Isto, pois, esta modalidade de investimento expõe o investidor a empresas que possuem receita não apenas em dólar, mas globalmente. Ou seja, as empresas são individualmente mais diversificadas na sua geração de receita” justifica Amparo.
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Tributação
O especialista da Suno Research também explica que há peculiaridades na declaração do Imposto de Renda (IR) quando o investidor tem ativos no exterior.
“Não é difícil, apenas diferente do brasileiro”, diz Amparo, “O primeiro passo deve ser o preenchimento do formulário W-8BEN, que é solicitado ao se realizar investimentos nos Estados Unidos. O documento garante ao brasileiro a isenção de impostos nos EUA sobre o ganho de capital. O ganho de capital é o lucro na venda do papel. Deste modo, a tributação é feita apenas no Brasil, no total de 15% sobre os ganhos”.
No Brasil, a Receita Federal oferece isenção em vendas de até R$ 35 mil por mês. “Portanto, vendendo menos de R$35 mil por mês em stocks,
você é isento de ganho de capital. Mas os ETFs não usufruem dessa isenção”, alerta o analista.
“Diferente dos ativos listados no Brasil, se você tiver lucro em uma operação e prejuízo em outra, não é possível abater a diferença para fins tributação“, acrescenta Amparo, “Por exemplo, se você lucrou R$100 mil e teve prejuízo de R$80 mil, você pagará impostos integrais sobre os R$100 mil sem redução (R$ 15 mil)”.
Dividendos
Nos Estados Unidos, há uma alíquota de 30% de imposto sobre os dividendos das empresas listadas no país. O imposto é aplicado tanto para os residentes, quanto para os estrangeiros.
“Em teoria, o Brasil taxa dividendos recebidos de investimentos no exterior. Mas, na prática, o Brasil possui um acordo com os Estados Unidos chamado Fair and Accurate Credit Transactions Act (Facta), que evita a bitributação. Ou seja, o brasileiro tem recolhimento de 30% de seus dividendos, retidos apenas pelo governo dos EUA, direto na fonte”, conclui o analista da Suno Research.