O governo da China informou a mídia do país que a investigação antitruste do Alibaba (NYSE: BABA) deverá ser censurada. Segundo analistas, a decisão representa uma escalada na tensão da política nacional da potência asiática.
A situação se torna mais crítica ao passo que o fundador do Alibaba, Jack Ma, um dos homens mais ricos do mundo, não é visto em público há mais de dois meses, após criticar a regulamentação do sistema financeiro chinês.
Não é de hoje que o governo chinês tem perseguido o império de Ma. No fim de novembro do ano passado, as autoridades governamentais fizeram exigências à Ant Group, empresa do grupo do empresário, pouco antes da oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês), que ocorreria simultaneamente em Shangai e Hong Kong e movimentariam cerca de US$ 37 bilhões.
Os reguladores forçaram a companhia a respeitar a nova lei sobre microcrédito, na base da qual ele deveria eliminar de sua plataforma as atividades bancárias. Em seu discurso, Ma supostamente rejeitou as regras impostas pela China para as atividades financeiras, classificando-as como “um clube dos idosos”, e salientando como “não podemos usar os métodos de ontem para regular o futuro”.
No fim de dezembro, o braço de propaganda do governo chinês disse aos meios de comunicação do país que eles deveriam “invocar estritamente” a linha oficial sobre a investigação antitruste sobre o Alibaba. A mídia também não deveria fazer alterações ou se envolver em análises extensas sem permissão”.
Segundo fontes do jornal Financial Times, que tiveram acesso a tal ordenamento, se empresa fizesse qualquer anúncio de oposição oficial, não deveria ser publicado, nem repassado, sequer citado a mídia estrangeira.
Governo chinês reprime empresas do grupo Alibaba
Segundo Xiao Qiang, cientista pesquisador da Universidade de Berkeley, na Califórnia, o presidente da China, Xi Jinping, estaria envolvido diretamente na decisão de suspender o IPO da Ant.
“Os investimentos das empresas de Ma estão diretamente associados a algumas das famílias políticas mais poderosas da China. O fato de que desta vez ele está tendo problemas com o Estado chinês provavelmente tem alta política em segundo plano”, disse o especialista ao jornal.
Não obstante à investigação antitruste, o Banco Central da China planeja dividir e regular diretamente a unidade de crédito ao consumidr da Ant, além de outras partes da fintech, segundo as fontes. No entanto, a repressão sobre o empresário e suas companhias levantou preocupação entre os investidores no que se refere às medidas políticas governamentais. O que tem se mostrado vai além da regulamentação do setor, mas sim com o intuito de mostrar ao bilionário quem está no comando, disse o jornal.
Em dezembro, a plataforma de mídia Huxiu, que tem o suporte do Alibaba, foi forçada a interromper suas operações por 30 dias após publicar um editorial que alertava sobre punições excessivas de conglomerados de tecnologia na China.
O editorial, inclusive, mencionou que os negócios do segmento nos Estados Unidos ajudaram o país a alcançar o domínio no mercado global, enquanto as empresas tech chinesas não eram grandes o suficiente para suportar as investigações antitruste.
Desde que Ma revelou suas críticas ao modelo do sistema financeiro chinês, os papéis do Alibaba já recuaram cerca de 30%. A empresa que vale US$ 630,41 bilhões, no entanto, opera em alta de 2,35% no pregão desta sexta-feira (7) na Bolsa de Valores de Nova York, negociada a US$ 231,66.
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