Investidores.vc quer crescer e se tornar a ‘bolsa B3 das startups’

Ganhar fôlego, clientes e se tornar a B3 (B3SA3) das startups brasileiras. Esta é a meta da Investidores.vc, startup que permite investimento em outras companhias da mesma natureza por meio de uma plataforma digital.

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Apesar de não ser acessível como uma corretora, onde qualquer um pode abrir uma conta e operar em pouco tempo, a Investidores.vc dá ao investidor pessoa física uma ponte para o mundo das startups de uma maneira razoavelmente mais fácil – considerando que é um universo mais fechado do que o das empresas de capital aberto.

Em geral, o investidor anjo tende a fazer um aporte robusto e abocanhar uma porcentagem do capital social da startup, prevendo um crescimento alto (e com riscos altos) em alguns anos, para vender a sua fatia no futuro. Contudo, o capital exigido é relativamente alto, e é necessário um contato direto com as companhias, tornando a negociação mais exclusiva.

A plataforma, contudo, encurta o caminho.

“Até então só tínhamos plataformas abertas, com viés de crowdfunding. Não acredito muito nesse tipo de mercado. Acho que é positivo, pois abre o mercado de startups e o refina, mas ainda acho que as melhores ofertas estão no ambiente privado”, afirma o criador da startup, Amure Pinho.

O empreendedor teve 20 anos de trajeto até criar a empresa, que nasceu após alguns colegas demonstrarem interesse em investir nas mesmas companhias que ele.

Ao passo que companhias de capital aberto tendem a ter balanços publicados trimestralmente, dados abertos e correlações diretas com outras cotações (como o câmbio para empresas com receita dolarizada, ou oscilações no minério para siderúrgicas), as startups exigem um know-how diferente.

Por isso, pedem investidores que saibam do potencial real do negócio, analisando sua capacidade de atender às demandas e alavancar os resultados sem quebrar no meio da decolagem.

“O início da empresa foi justamente nesse sentido, de ensinar o jeito certo de investir em startups, pensando com as botas do empreendedor. Esse é o jeito. Já investi em trinta e cinco startups e já vendi seis delas. O anjo, o bom investimento, concretiza-se quando temos um bom exit e um bom retorno”, relata Amure, que já vendeu empresas à gigantes como Hotmart, Natura (NTCO3) e às Americanas (AMER3).

Gama Academy e Singu constam no portfólio

Considerando as startups que já passaram por Amure e pela plataforma, constam grandes nomes como a Singu (de delivery de beleza e bem-estar, do empreendedor Tallis Gomes), a Congresse.me (de reuniões e videoconferências) e a Gama Academy.

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A última foi destacada por Amure como um case de sucesso, com retorno acima de 1.900% em venda à Anima Educação (ANIM3), small cap de educação listada na bolsa brasileira.

No processo, assim como em demais compras e vendas, foram destacados o networking e a vantagem competitiva em relação ao modelo tradicional. Em suma, a plataforma entrega o dinheiro aos empreendedores em tempo recorde, praticamente 50% menor do que os modelos de rodada. Além disso, o vínculo criado pode gerar um lucro bilateral, considerando que a plataforma também é uma empresa do nicho.

Startups que já passaram pela Investidores.vc - Foto: Reprodução/Site
Startups que já passaram pela Investidores.vc – Foto: Reprodução/Site

“A Amazon Web Services (AWS), por exemplo, foi uma grande parceira, foram sponsors de uma edição nossa. As startups que passam por aqui têm um vínculo com a AWS geralmente. Temos uma parceria sinérgica. A vantagem competitiva, que é meu capital, convertido em equity, faz com que indiretamente a startup gaste a grana dela com crescimento e não com operação, evoluindo de forma coesa”, analisa.

Como fazer seu primeiro aporte

Já que tem maiores riscos, a startup não permite que qualquer investidor entre nos cases. Em geral, o segmento de startups trabalha com empresas pequenas, com valor de mercado muito menor do que de gigantes da bolsa, mas conta com uma inserção maior do investidor.

“O investidor tem que passar por um crivo, uma entrevista para que possamos ver se ele precisa aprender algo ainda. Para montar um portfólio, tem que estar no negócio para investir 5 anos ou mais, igual com safras de vinho. Como leva em torno de 4 anos, tem que investir continuamente, cerca de 3 startups ao ano, diminuindo o risco de exposição”, explica o fundador.

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No nicho, é mais comum entrar em uma fatia relevante do capital da companhia, comprando uma porcentagem expressiva do capital social. Contudo, o risco é evidentemente maior. Mesmo gigantes como Grin e Yellow, do segmento de mobilidade, tiveram derrocadas intensas ante à primeira crise.

Isso porque as empresas do segmento são geralmente queimadoras de caixa, e reinvestem muito mais do que levantam na sua operação – ou seja, se a mesma não for muito promissora, não haverá espaço no mercado.

“Para quem tem interesse em diversificar seu portfólio com inovação e ativos alternativos, assim como na bolsa, precisa saber o que fazer, saber as teses; analisar. A startup hoje estará listada na bolsa amanhã. Ele pode creditar uma parte do seu capital em startups, participando da nossa imersão e fazer paralelo com startups, para ter retornos expressivos de 10x ou 20x – lógico que com o risco e com as devidas restrições”, ressalta Amure.

O segmento de startups

O segmento, nos últimos meses, tem sido promissor no Brasil. No acumulado do mês de agosto, as startups brasileiras levantaram US$ 772 milhões em investimentos, segundo levantamento recente do Inside Venture Capital Report, relatório da Distrito Dataminer, nicho de inteligência da plataforma de inovação aberta Distrito.

Isso, sem considerar dois grandes investimentos em startups: o da Nuvemshop, de R$ 26 milhões, e o investimento de R$ 1 bilhão na Movile.

O acumulado de aportes do ano já soma mais de US$ 6,6 bilhões, saindo de US$ 3,5 bilhões vistos em 2020. Para Renato Gil, co-fundador da 2Simple, empresa que atua na criação de estratégias para startups, a grande alta nessa captação vem do avanço tecnológico visto na pandemia.

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“A pandemia fez o cenário econômico mudar e as medidas de segurança necessárias para garantir a saúde de todos impuseram novos comportamentos. O home office se tornou uma realidade muito mais presente, os serviços delivery ganharam um destaque ainda maior e os pagamentos por aproximação também. Tudo isso fez o digital se consolidar definitivamente no Brasil e as empresas de tecnologia aproveitaram”, afirma.

Além disso, dados divulgados no fim de junho pela CB Insights apontam que, em 2021, foi atingido um recorde no número de startups que se tornaram unicórnios: foram 209 até o período número 74% maior do que os 120 no ano anterior. Nos dois anos anteriores, de 2019 e 2018, foram 123 e 122, respectivamente – seguindo um panorama semelhante no setor. Agora, o mercado demonstra estar mais aquecido.

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Eduardo Vargas

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