Investidor estrangeiro retira R$ 10 bilhões da bolsa em maio e penaliza Ibovespa
O Investidor Estrangeiro retirou um volume de R$ 10,2 bilhões até a metade de maio, segundo dados oficial da B3 (B3SA3). A tendência de um fluxo saindo do país reverte a entrada massiva de capital estrangeiro nos três primeiros meses do ano, com aporte de R$ 68,4 bilhões até março, que motivaram as baixas sucessivas no dólar. Atualmente, com a mudança, a moeda americana voltou a ser negociada na faixa de R$ 5.
Já em abril a tendência era perceptível, com saída de R$ 7,7 bilhões. No acumulado de 2022, a B3 informa que o investidor estrangeiro já retirou R$ 17,9 bilhões da bolsa de valores brasileira. Nesse contexto, a pontuação da bolsa cai 7,5% nos últimos 30 dias, apesar da recuperação recente.
“A elevação da Selic provoca a entrada de investidores para o Brasil. Conforme aumenta a relação risco e retorno, economistas emergentes se tornam mais atrativos. Com a entrada de dinheiro estrangeiro, o real fica mais valorizado diante do dólar, assim tornando a inflação mais controlada, as aplicações em renda fixa mais atrativas e despesa a mais com juros da dívida pública, sendo estimado por economistas que os gastos com juros devem bater recorde neste ano”, explica Tacyo Munhoz, CEO e fundador da Oito Crédito Imobiliário.
A expectativa é de que, com a proximidade das eleições, a volatilidade do Ibovespa também deva aumentar, enquanto a liquidez deve diminuir com a saída dos investidores estrangeiros, indicam os analistas.
Além disso, o cenário global conta com uma inflação persistente e, por consequência, uma alta dos juros nos EUA que penaliza o investimento em renda variável de um modo geral.
Renda fixa ‘sobe’ em meio à saída do investidor estrangeiro
O cenário, conforme reportado pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais, a Anbima, é de alta no investimento em renda fixa.
Segundo um levantamento recente, o saldo de entrada de dinheiro em aplicações de renda fixa passa de R$ 100 bilhões no acumulado deste ano, ao passo que os fundos de renda variável reportaram saques de mais de R$ 23 bilhões no mesmo período.
A busca é por rentabilidade mas também por algum porto seguro, em um momento de mais turbulência nos mercados. A migração do fluxo de recursos ganhou ainda mais apelo com a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de elevar a Selic para 11,75%.
“Começamos a identificar esse movimento na metade do ano passado, quando internamente foi se concretizando um cenário de inflação e algum ruído político. Isso começou a gerar uma certa aversão ao risco“, diz o diretor da Anbima, Pedro Rudge.
“É uma inversão: o investidor estrangeiro reavaliou suas alocações e viram maior atratividade dos instrumentos de renda fixa, não apenas pelo desejo de mais rentabilidade, mas por produtos menos voláteis”, acrescenta.