As invasões ocorridas em Brasília neste domingo (8) e decretação de intervenção federal devem impactar negativamente os preços das ações brasileiras no começo do pregão desta segunda-feira (9). É o que dizem gestores e economistas ouvidos pela reportagem do Suno Notícias.
Bolsonaristas radicais romperam o bloqueio feito pela Polícia Militar do Distrito Federal e pela Força Nacional, invadiram a Esplanada dos Ministérios e depredaram os prédios do Congresso Nacional, do Supremo Tribunal Federal e o Palácio do Planalto. Em resposta, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), decretou intervenção federal na segurança pública do Distrito Federal.
“O que houve hoje foi bastante grave, certamente os impactos podem ser negativos [para o mercado]. Se não houver reação enérgica por parte do governo, esses terroristas continuarão mobilizados”, afirmou Sérgio Vale, economista-chefe da MB Associados. Para Vale, é importante que haja prisões ainda hoje a fim de sinalizar aos manifestantes “de qua situação chegou ao limite”.
As respostas do governo serão a chave da reação do mercado também para Luis Otávio de Souza Leal, economista-chefe do Banco Alfa. Segundo Leal, as invasões deste domingo aumentam a insegurança dos investidores, especialmente dos estrangeiros.
Lembrando que os dois primeiros pregões do ano foram de forte reação negativa do mercado às notícias vindas do governo Lula, o economista pontua que os acontecimentos devem ampliar o “nervosismo local enquanto o investidor estrangeiro vai se retrair e esperar para ver o que acontece”.
“A gente sabe como foi a reação das autoridades quando da invasão ao Capitólio, a questão é se veremos também essa reação aqui, se as pessoas vão ser responsabilizadas ou se vai ficar em aberto”, pontua. “A resposta a essa pergunta é que vai dizer quanto tempo essa confusão pode impactar os ativos brasileiros”.
Uma fonte do mercado que não quis se identificar também destacou que as invasões em Brasília “assustam muito mais o gringo, que não consegue entender essa barbárie com uns três mil malucos”. “Acho que o mercado amanhã será horrível. Os agentes ficam mais desconfiados e o cenário já era ruim”. Politicamente, a fonte considera a possibilidade de os atos golpistas gerarem algum alinhamento maior entre os poderes, em resposta à extrema-direita. “Acho que pode ter sido um tiro no pé do bolsonarismo”.
Em texto distribuído a jornalistas e clientes, o economista André Perfeito projetou uma elevação na percepção de riscos por parte dos agentes econômicos e destacou que isso pode empurrar para cima os juros, “com efeitos na bolsa e em outros ativos”.
“Provavelmente a situação será superada, mas serão dias tensos nos mercados e na nação até que o Planalto restabeleça a ordem e que os militares se posicionem de vez”, escreveu Perfeito.