“A inteligência artificial vai estar presente em tudo”, diz presidente da IBM Brasil
A popularização da inteligência artificial (IA) e seus impactos no mundo dos negócios foram tema de uma conversa entre Tiago Reis, sócio-fundador da Suno, e Marcelo Braga, presidente da IBM Brasil, no canal Suno. O executivo da IBM citou o papel transformador da tecnologia e a importância da governança para que empresas consigam escalar com segurança suas operações.

“Estamos vendo uma revolução. A IA deixou de ser restrita a especialistas e grandes conglomerados. Com a nuvem, qualquer empreendedor pode acessar os mesmos recursos usados por bancos globais”, afirma Braga.
Segundo o presidente da IBM, a combinação entre democratização da tecnologia, hiperconectividade e abundância de dados impulsionou a adoção em larga escala da IA. “Antigamente, armazenar dados era caro. Hoje, tudo gera rastro digital. E, com tanto dado, não dá mais para analisar do jeito tradicional. A inteligência artificial virou essencial.”
No Brasil, especificamente no setor financeiro, Braga comentou exemplos práticos da aplicação da tecnologia, como a BIA, assistente virtual do Bradesco. “Foi o primeiro grande uso de IA em larga escala no setor financeiro no Brasil. Começou como uma ferramenta interna para os funcionários, hoje atende o cliente final com naturalidade.”
Ele também destacou resultados de outras instituições: “No Banco do Brasil, mais de 50 milhões de atendimentos foram feitos via WhatsApp, com 98% de resolutividade positiva. O Sicredi, por sua vez, conseguiu aumentar significativamente a taxa de renegociação de dívidas com uso de IA, justamente por oferecer um atendimento mais empático”, relatou.
A IBM atua por trás dessas soluções, oferecendo tecnologia personalizada de IA e análise comportamental, o que permite respostas mais humanizadas, seguras e assertivas. “Com IA, já conseguimos detectar se uma pessoa está em risco só pelo padrão de digitação ou tom de voz. É um novo patamar de análise”, destacou.
IA: do protagonismo à ubiquidade
Embora reconheça o entusiasmo atual em torno da IA, Braga acredita que, em breve, ela deixará de ser o centro das atenções. “A IA não será mais protagonista. Ela vai estar presente em tudo, de maneira integrada e quase invisível. O consumidor não vai saber o que está por trás, só vai perceber que funciona melhor”, argumentou.
Para ele, o futuro está na IA aberta e modular. “O modelo de linguagem (LLM) mais avançado de hoje pode estar defasado em seis meses. A empresa precisa ter liberdade para usar o que há de melhor, quando quiser, sem ficar presa a um único fornecedor”, disse Braga, em defesa da flexibilidade das soluções.
Governança será um diferencial competitivo
Braga reforçou, ainda, a importância de uma estrutura sólida de governança de dados e inteligência artificial para que as empresas possam escalar com segurança suas soluções. “Você precisa ter mecanismos para corrigir rapidamente informações desatualizadas ou enviesadas. Isso evita riscos regulatórios e de imagem.”
Segundo o executivo, os maiores diferenciais das empresas não estão nos modelos públicos, mas nas informações proprietárias. “O que torna cada negócio único são seus produtos, clientes, processos internos. Trazer isso para dentro do modelo é o que gera valor.”
Por fim, Braga enfatizou que, para implementar IA com sucesso, é preciso resolver uma velha dor corporativa: os dados fragmentados. “Muita empresa tem um ERP, um CRM, faz aquisições e não integra as informações. É preciso montar camadas de governança de dados que alimentem a IA de forma segura”, concluiu.