O boom de apostas em torno do setor de inteligência artificial (IA) após o advento do ChatGPT levou a Nasdaq, Bolsa que concentra os grandes nomes da tecnologia, ao melhor desempenho semestral desde a década de 1980. No primeiro semestre, o Nasdaq acumulou ganhos de 32%, no melhor resultado em 40 anos.
Tamanho furor permitiu à Nvidia, fabricante de chips para Inteligência Artificial e para jogos, entrar para o seleto grupo de companhias que valem US$ 1 trilhão (R$ 4,8 trilhões), e ganhar força para a corrida que este setor deve vivenciar na próxima década, e que tem competidores de peso como Microsoft, Google e Samsung, entre outros.
A expectativa em Wall Street é de que o momento de alta no setor de tecnologia deve não apenas continuar, mas ficar ainda mais forte nos próximos meses, devido às expectativas em torno da revolução que a IA pode causar.
“O ChatGPT e a IA levarão a uma revolução de produtividade, apoiando os lucros da empresa agora e no futuro”, projeta Mark Haefele, diretor de investimentos do UBS Wealth Management, braço que administra grandes fortunas do banco suíço.
O S&P 500, índice que reúne as maiores empresas listadas dos EUA, também foi contaminado pelo efeito ChatGPT e IA Generativa.
O índice acumulou ganhos de 15,9% no primeiro semestre, o melhor desempenho para o período desde 2019. Sem o furor da inteligência artificial, tal desempenho cairia para um dígito, segundo cálculos de operadores em Wall Street.
Apesar do temor quanto aos efeitos no mercado de trabalho, entre outras dúvidas, a leitura é de que a IA é uma tecnologia transformadora e com potencial de monetização em diferentes segmentos.
‘Próxima Nvidia’
Fundada em 1993 em Santa Clara, nos Estados Unidos, a Nvidia é um exemplo desse poder de transformação. Os chips que ela produz são líderes no processamento de cálculos complexos, base do uso da inteligência artificial.
O salto da fabricante desencadeou uma busca desenfreada por investidores, analistas e operadores para a “próxima Nvidia”.
Estimativas do braço de grandes fortunas do UBS sugerem que o mercado de IA Generativa dará um salto de menos de US$ 1 bilhão para US$ 3 bilhões nos próximos três anos.
Depois de lamentar não ter entrado nas ações da empresa antes, o time de tech do Itaú BBA dedicou os últimos meses a estudar o setor de IA.
“Desde o início de dezembro, quando a OpenAI lançou seu ‘aplicativo matador’ ChatGPT, os investidores estão com pressa para entender as consequências dessa nova ferramenta”, dizem os analistas do banco Thiago Alves Kapulskis, Cristian Faria e Gabriela Moraes, em relatório.
Segundo eles, quem colhe os primeiros louros sempre que uma nova tecnologia se torna popular geralmente está no nível da infraestrutura, caso de fabricantes de semicondutores e hardware (equipamentos).
Em Wall Street, o nome visto como o mais bem posicionado para triunfar com o boom da IA é o da gigante Microsoft. No ano, suas ações acumulam ganhos de mais de 40% na Nasdaq, garantindo com folga o segundo lugar em maior valor de mercado, com US$ 2,5 trilhões, atrás somente da Apple, que acaba de cruzar a fronteira dos US$ 3 trilhões.
“A Microsoft estará na pole position quando a corrida da inteligência artificial Generativa começar”, escreveu o Morgan Stanley, em relatório intitulado “O próximo US$ 1 trilhão – Estruturas para monetizar a IA”.
A empresa é a principal escolha do banco americano entre empresas de grande capitalização no segmento de software e elevou o preço-alvo de US$ 335 para US$ 415. Atualmente, as ações da Microsoft são negociadas em torno de US$ 340, o que abre um potencial de mais de 20% de alta no próximo ano.
Riscos da Inteligência Artificial
A principal pergunta é se o entusiasmo pela IA se justifica na própria tecnologia, diz a diretora de investimentos da UBS Wealth Management para a região da Ásia-Pacífico, Min Lan Tan. “A resposta é curta: sim.” E acrescenta: “É uma tecnologia fundamental, transformadora, que agora está provando que tem aplicações comerciais no mundo real”.
No entanto, como qualquer investimento, há riscos. O mais significativo no horizonte é o geopolítico, alerta o Itaú. A relação diplomática entre os EUA e a China é o principal exemplo.
O Wall Street Journal revelou que o presidente Joe Biden considera impor novas restrições às exportações de chips de Inteligência Artificial para a China em resposta à última ofensiva do país asiático na guerra dos semicondutores.
Com Estadão Conteúdo
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