A Infracommerce suspendeu seu processo de abertura de capital (IPO, em inglês), conforme publicou a Comissão de Valores Mobiliários (CVM). A empresa solicitou à autarquia a interrupção do pedido de registro de oferta pública inicial de ações por um período de até 60 dias.
De acordo com o documento, a Infracommerce informou que a suspensão é “em razão da atual conjuntura do mercado financeiro e de capitais”. Desse modo, a fixação do preço por ação que estava prevista para acontecer na terça-feira (27) não foi realizada.
A companhia de soluções digitais para o comércio eletrônico buscava uma oferta pública de distribuição primária de, inicialmente, 50.000.000 novas ações; e secundária de, inicialmente, 29.269.269 ações a serem vendidas por acionistas. A companhia havia estabelecido a faixa indicativa de preço entre R$ 22,00 e R$ 28,00 e esperava movimentar cerca de R$ 2 bilhões.
Em seu prospecto do IPO, a Infracommerce havia informado que previa usar os recursos líquidos da oferta primária para potenciais aquisições estratégicas a fim de expandir sua oferta tecnológica e logística, investimentos em capex, pesquisa e desenvolvimento, despesas comerciais visando acelerar o seu crescimento orgânico e pagamento de dívida.
Cerca de 30 companhias desistiram do IPO este ano
A Infracommerce não é a única empresa brasileira que decidiu colocar seu IPO em compasso de espera.
Ontem a Rio Alto, empresa especializada na produção e comercialização de energia solar, informou ao mercado que cancelou sua estreia na bolsa de valores. A companhia optou por repensar a estrutura da transação em meio a uma maior aversão ao risco.
Na semana passada, o Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), o Grupo Fartura de Hotifruti e a Casa & Vídeo desistiram de suas ofertas.
Já na semana retrasada, a Oleoplan (líder em vendas de biodiesel), Tegra (antiga Brookfield) e Banco BV (antigo Votorantim) cancelaram seus IPOs. Outras desistências foram do Banco Pan e Uni.Co (dona da marca Imaginarium).
Com a Infracommerce e o Rio Alto, já são 30 ofertas canceladas este ano e ainda há projeção de que a lista de desistência permanece subindo pois o Grupo Big, comprado pelo Carrefour (CRFB3), consta ainda como operação aberta na CVM.
Sobre a Infracommerce
A Infracommerce é uma companhia de soluções digitais voltada para o e-commerce com foco no consumidor final pessoa física ou outras empresas na América Latina.
O “ecossistema de soluções digitais integradas compõe um ‘white-label digital ecosystem’ para marcas e indústrias terem controle sobre suas jornadas de digitalização do go-to-market por meio de uma experiência ao consumidor excepcional”, informou a companhia em seu documento.
O modelo visa elevar a presença online e melhorar o posicionamento da marca dos clientes. A empresa é responsável pela operação de e-commerce de empresas como Ambev (ABEV3), Nike (NIKE34), Motorola, Ray Ban e Unilever (ULEV34).
Além do Brasil, a companhia também possui atuação no México, Colômbia, Chile e Argentina.
Em 2020, a Infracommerce registrou uma receita líquida de R$ 236 milhões, ante R$ 138 milhões no ano anterior; com R$ 4,6 bilhões em volume bruto de mercadoria (GMV, na sigla em inglês) para os clientes, contra R$ 2,98 bilhões em 2019.