Ações da Infracommerce (IFCM3) caem 8% no dia; veja os motivos
As ações do Infracommerce (IFCM3) caíram 8,18%, para R$ 10,22, nesta segunda-feira (11). A reação do mercado vem após a divulgação de um novo plano de opções de ações e remuneração dos sócios.
Em edital para uma assembleia de acionistas que será feita em 28 de abril, a Infracommerce adicionou a deliberação sobre um novo plano de opções de ações. Apesar de ser praxe no mercado financeiro, a pauta acendeu alerta a investidores e analistas.
O BTG Pactual (BPAC11) divulgou nesta segunda um relatório comentando os planos da Infracommerce. O texto afirma que a decisão foi um “choque” para os investidores, afetando o desempenho recente das ações — que acumulam queda de 28,03% nos últimos cinco dias.
O plano original da Infracommerce
O plano de opções de ações original do Infracommerce já havia gerado discussão na época do IPO. Antes da oferta inicial na Bolsa, a empresa havia divulgado um plano de opções de ações que previa a emissão de até 37.576.261 opções, representando 20,5% do total de ações pré-money da empresa. Ao preço de IPO de R$ 16, o plano somaria R$ 603 milhões.
A estratégia inicialmente anunciada pela companhia trazia uma grande diluição implícita, de acordo com analistas do banco de investimentos. Com a maioria das opções sendo adquirida de forma relativamente rápida, em conjunto ao preço variando entre R$ 0,43 e R$ 1,44, claramente inferior ao preço do IPO (R$ 16), a maioria dos investidores e analistas escolheu construir modelos de contagem de ações totalmente diluídas, incluindo o BTG.
“Desde o IPO, que ocorreu em maio de 2021, 16,7 milhões das 37,6 milhões de opções (44%) foram exercidas. Ainda há uma diluição potencial adicional de 20,9 milhões de ações, com praticamente todas essas opções sendo adquiridas nos próximos 23 meses. Esse volume de 20,9 milhões de ações representa 7,4% da atual contagem de ações da empresa. Mais uma vez, é importante destacar que já se trabalha com um modelo totalmente diluído”, afirma o relatório.
Momento atual da empresa
Samuel Sampaio, assessor de investimentos da 3A Investimentos, afirma que, durante o período de IPO da empresa na bolsa, a escolha foi partir para uma estratégia de crescimento muito agressiva: comprando concorrentes, empresas que agregariam para o ecossistema digital da Infracommerce, aumentaria-se a sinergia dentro do ambiente de nicho dentro da atuação deles.
“O plano de remuneração dos sócios já era considerado muito arrojado na época do IPO, mas passou batido, até mesmo pelo contexto do primeiro semestre de 2021, com horizonte mais limpo, mais evidenciado”, disse o assessor. Sampaio destaca ainda que a empresa estava capitalizada, portanto não levantava tantos alertas assim.
Agora, a alta dos juros, em curva longa, “já traz um impacto muito grande nessas empresas que têm no seu valuation muita perpetuidade”, afirmou o assessor. Ele ressalta que qualquer desconto nas taxas já impacta muito e qualquer custo de capital é muito sério para empresas desse tipo, principalmente na hora da análise formal do fluxo de caixa descontado.
“Essa notícia foi um gatilho, ao levantar um sinal amarelo na governança, o que pode complicar o que vier agora em uma companhia que está gastando muito e não deveria estar fazendo isso com os próprios sócios nesse momento. A estratégia de expansão adotada consome muito capital, comprando outras empresas”, explicou Samuel.
O novo plano estabelece um número máximo de ações, caso sejam exercidas todas as opções outorgadas, de 15.732.677 (5,6% da atual contagem de ações). O preço de exercício será decidido pelo Conselho de Administração e terá base no preço médio das ações da Infracommerce, em prazo determinado, com desconto de até 20%. O objetivo é usar o novo plano para atrair novos investidores e reter executivos atuais. Se o novo plano for aprovado, o total de diluição potencial seria de 36,7 milhões de ações (13% da atual contagem de ações).
