Inflação surpreende mercado com alta de 0,39%; entenda o impacto
O IPCA registrou uma alta de 0,39% em novembro, acima das expectativas do mercado. Os especialistas destacam que o aumento dos preços do setor de serviços foi o maior “vilão” da inflação, que deve impactar na alta da taxa Selic.
Em relação ao qualitativo, a dinâmica do IPCA foi ruim, principalmente, para os grupos mais observados pelo Banco Central, afirma Gustavo Sung, economista-chefe da Suno. Na visão de Lucas Barbosa, economista da AZ Quest, a alta do IPCA está espalhada entre os itens de serviços.
A Suno esperava uma inflação de 0,34%, enquanto a AZ Quest previa uma alta de 0,36%, ou seja, pelo menos 0,17 p.p. a menos que outubro.
Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, três registraram variações positivas em novembro. Destaque positivo para o grupo Alimentação e bebidas (+1,55%), que teve o maior peso sobre o índice (+0,33 p.p.).
Dentro deste segmento, a alimentação no domicílio acelerou de 1,22% em outubro para 1,81% em novembro.
De acordo com o IBGE, contribuíram para esse resultado os aumentos nos preços das carnes (8,02%), óleo de soja (11,00%) e no café moído (2,33%).
Na parte positiva, houve a desaceleração dos preços de energia elétrica residencial, que caiu 6,27% em novembro, com a vigência da bandeira tarifária amarela após bandeira vermelha 2 em outubro.
Nos últimos 12 meses, o índice acumula uma alta de 4,87%, acima dos 4,76% registrados no mês anterior. Pelo segundo mês consecutivo, o IPCA se mantém acima do limite superior da meta de inflação, de 4,5%.
A projeção para inflação para dezembro, é de 0,55% a 0,60%. Já a projeção do ano 2025 já, a AZ Quest mudou sua projeção, de 3,70% para 4,3%. “Acredito que essa inflação tem um viés de alta principalmente pela parte de serviços”, destaca Barbosa.
Com o IPCA de divulgado hoje, a taxa Selic pode subir mais
Esse cenário não é positivo e pressiona por um aumento maior da taxa de juros, comentam os especialistas. A Selic mais alta encarece os financiamentos, freando o consumo para gerar uma queda nos preços.
Para a reunião do Copom desta semana, o economista-chefe da Suno mantém sua estimativa de alta na taxa de juros de 0,75 p.p. Mas, após a deterioração das expectativas de inflação, apresentadas no último Boletim Focus, e um IPCA considerado ruim, a probabilidade de alta de 1,00 p.p. aumentou.
A AZ Quest também revisou sua projeção para a taxa Selic, que também vê a possibilidade de alta de 1 bbp na próxima reunião do Copom, na quarta-feira (11).
Para os próximos meses, Sung acredita que alguns fatores podem gerar pressões sobre o cenário inflacionário brasileiro. A recente desvalorização da taxa de câmbio, que vem afetando custos de bens industriais e agrícolas, deve ser repassada para os preços dos bens aos consumidores.
E, diante da perspectiva de que o mercado de trabalho continue apertado, os preços de serviços devem continuar pressionados.