Escalada da inflação ‘chega’ aos mais ricos e encolhe renda mensal

Com a inflação em escalada e ultrapassando os dois dígitos, até mesmo a renda dos trabalhadores mais ricos é penalizada. Um levantamento feito pela Folha de S. Paulo mostra que a renda média do trabalhador do grupo 1% mais rico no país caiu 16,4%.

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Segundo o estudo, que considera os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), o rendimento da parcela da população que fica entre os mais ricos foi afetada pela inflação e saiu de uma renda média de R$ 32,1 mil para R$ 26,8 mil.

Isso ocorre principalmente por causa da pandemia, já que o primeiro número considera o quarto trimestre de 2019, ante uma queda vista no quarto trimestre de 2021.

Apesar disso, a renda dessa parcela da população ainda é 80,9 vezes maior (R$ 26.899) do que o dos profissionais 10% mais pobres (R$ 332) na média.

“Os trabalhadores estão com dificuldades para conseguir reajustes. A elite do funcionalismo, por exemplo, está mais no topo da distribuição de renda e tenta barganhar isso”, disse à Folha o economista e pesquisador do Insper, Alysson Portella.

“O que explica a perda no topo da pirâmide é a inflação. Ela está gerando perdas reais nos salários”, afirma o professor do programa de pós-graduação em ciências sociais da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), André Salata, que estuda desigualdade e distribuição de renda.

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IPCA, que mensura inflação, segue em escalada

A prévia da inflação oficial do Brasil, registrada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – 15 (IPCA-15), acelerou sua alta em 0,78 pontos percentuais (p.p.) em abril. O indicador de inflação registrou avanço de 1,73% nos preços entre março e abril.

De acordo com dados divulgados pelo IBGE nesta quarta-feira (27), a variação do IPCA-15 em abril, de 1,73%, foi a maior para o mês de abril desde 1995, quando o registro foi de 1,95%.

No ano, a prévia da inflação acumula alta de 4,31% e, em 12 meses, a soma de registros do IPCA-15 chega a 12,03%, bastante acima dos 10,79% registrados nos 12 meses imediatamente anteriores a abril.

Segundo o Igor Barenboim, sócio e economista chefe da Reach Capital, o indicador deve ‘marcar o topo’ do IPCA no Brasil.

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“O próximo número de inflação já deve levar em conta a deflação dos preços de energia que foram reduzidos pelo retorno a bandeira verde por conta da normalização do regime de chuvas. A principal notícia positiva do dado de hoje foi a inflação de serviços mais baixa, principalmente por conta de alimentação fora de casa e empregados domésticos”, afirma.

“Essa desaceleração de serviços contribui para aumentar o conforto do BC para fazer o último movimento do ciclo em maio. No entanto, o cenário ainda está repleto de incertezas vindas da Europa do leste, bloqueios na China e da política monetária dos países centrais. Isso dificulta o BC a conseguir se comprometer com uma trajetória de juros”, acrescenta.

Os valores vieram abaixo do esperado pelos especialistas. De acordo com a mediana de projeções pelo consenso Refinitiv, a alta do IPCA-15 seria de 1,85%. Já a inflação em 12 meses prevista pelo mesmo compilado apontava uma mediana de alta de 12,16%, acima do registro do IBGE.

Em relatório, o IBGE destaca que o resultado foi influenciado pelos Transportes, que variou +3,43% e teve um impacto de 0,74 p.p. no indicador de inflação. Os preços dos alimentos e bebidas vem em seguida, com alta de +2,25% e impacto de 0,47 p.p..

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Eduardo Vargas

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