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“Temos inflação interna e estamos importando inflação também”, diz Campos Neto

Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, disse que 'passamos do pico' do IPCA - Foto: Raphael Ribeiro/BCB

Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central- Foto: Raphael Ribeiro/BCB

O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, reconheceu que a inflação acelerou e teve piora em todos os aspectos nos últimos tempos. Nesta terça-feira (16), ele destacou que o trabalho do BC é difícil e citou agravantes para o aumento dos preços no País.

“É importante ser realista e entender o quão disseminada está a inflação e será difícil o trabalho do BC”, disse ele, em painel no IX Fórum Jurídico de Lisboa, organizado pela Universidade de Lisboa, Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP) e Fundação Getulio Vargas (FGV).

Campos Neto destacou que o choque do preço de eletricidade e dos combustíveis este ano é o maior dos últimos 20 anos, e vem seguido ao choque de alimentos do ano passado.

O presidente do BC também citou que o aumento de commodities foi ampliado pela desvalorização da moeda brasileira, um desenvolvimento atípico, uma vez que o real costuma reagir positivamente ao avanço dos preços de commodities.

Com tudo isso, o presidente afirmou que as expectativas de inflação estão subindo e de crescimento, caindo.

Inflação interna e importada

O presidente do Banco Central destacou que “pela primeira” o Brasil está passando por um problema de inflação interna e, ao mesmo tempo, está importando a inflação externa.

“Pela primeira vez tem a situação que temos inflação interna e estamos importando também.” Somando isso ao processo de alta de juros no mundo “vai criar um ambiente mais desafiador para o Brasil”.

O presidente do BC afirmou que o cenário econômico mundial de hoje é muito diferente do que se imaginava. Ele cita a mudança muito rápida e o cenário volátil em termos de crescimento e perspectivas de inflação.

Campos Neto repetiu que a tese inicial dos bancos centrais sobre ruptura da oferta na pandemia de não se mostrou verdadeira. para ele, ocorreu foi um deslocamento rápido e grande da demanda para bens.

“Demorou um pouco para os BCs entenderem o efeito combinado desse pacote fiscal de US$ 9 trilhões na pandemia. Mais recentemente, as opiniões mudaram um pouco para deslocamento da demanda e que tem sido mais persistente.”

Ele destacou que esse pacote foi cerca de 10% do PIB global, sendo que US$ 4,5 trilhões foi de transferência direta. Os primeiros efeitos da inflação foi o aumento de alimentos, diz Campos Neto, que têm peso maior na cesta de consumo de emergentes ante desenvolvidos.

Com informações de Estadão Conteúdo. 

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