O índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos Estados Unidos atingiu 0,6% em maio em comparação a abril, segundo informações do Departamento do Trabalho nesta quinta-feira (10). A inflação acumula 5% na base anual, a maior desde 2008, quando o país passava pela crise do subprime.
A expectativa era de alta de 0,4% na comparação com abril e de 4,7% frente maio de 2020, segundo dados compilados pela Refinitiv. O núcleo do indicador da inflação, que exclui os voláteis preços de alimentos e energia, avançou 0,7% na comparação mensal de maio, também superando a mediana das projeções, de acréscimo de 0,5%.
A alta nos preços reflete a sólida demanda dos consumidores, impulsionada pela ampla vacinação contra o novo coronavírus (Covid-19), reabertura comercial, trilhões de dólares nas medidas de alívio à pandemia e ampla economia doméstica.
O Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos cresceu 6,4% a uma taxa anual ajustada sazonalmente no primeiro trimestre. Segundo o The Wall Street Journal, a economia crescerá a uma taxa anual de 8,1% no segundo trimestre. Caso aconteça, esse será o melhor início de ano desde 1980.
“O índice veio, de fato, mais forte que o esperado, porém sua composição merece destaque”, comenta Felipe Sichel, estrategista-chefe do modalmais. “Bens continuam acelerando ainda pelo descasamento de oferta e demanda da reabertura da economia, enquanto a alta de serviços se deve principalmente a transportes.”
Fed acompanha inflação para definir política monetária
O Federal Reserve (Fed) persegue uma meta de inflação de 2% para os próximos anos. Os integrantes do BC norte-americano se dizem confortáveis em manter a taxa de juros referencial zerada até que o pleno emprego seja mantido, desde que as projeções para a inflação fiquem dentro do esperado.
Vale ressaltar que a meta é baseada no índice de preços das despesas de consumo pessoal (PCE), que tende a ser um pouco menor do que o IPC. “Avaliamos que o Fed continuará com a retórica de inflação transitória a espera de dados mais fortes e contínuos sobre inflação e mercado de trabalho”, diz Sichel.
Os investidores, com isso, ficam de olho nos próximos passos da política monetária dos Estados Unidos. A alta acima das projeções pode forçar o Fed a elevar as taxas de juros, com o intuito de segurar os preços.
A inflação pode impactar os mercados acionários, pois reduzem o apetite por ativos de risco, como são as ações, além de causar fuga de capitais de países como o Brasil, que possuem uma taxa de juros maior e são atrativos por conta do carry trade.
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