Segundo dados da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), o consumo de carne no Brasil caiu para os menores patamares em 26 anos – influenciado fortemente pela alta de 30,7% no preço do alimento nos últimos 12 meses, como aponta do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Além disso, o baixo consumo de carne sofre com a alta generalizada dos preços, vista com a inflação dos últimos meses.
Ainda que em certa retomada, o país ainda apresenta um quadro de desempregados de cerca de 14%, o que faz com que consumo do alimento diminua em quase 14% neste ano, se comparado a 2019, antes da pandemia.
A baixa de consumo é verificável com a alta no consumo de outros alimentos proteicos com menor preço na prateleira, como frango, pé, pescoço e miolo de galinha.
Segundo dado recente do DataFolha, cerca de 85% dos entrevistados diminuíram o consumo de algum alimento no ano de 2021. Destes, 67% reduziram a carne vermelha. Outros 35% citaram o arroz e feijão, base da alimentação do brasileiro.
A estimativa dos especialistas é de que essa pressão sobre alimentos ainda deve se manter por mais um ou dois anos, considerando o cenário macroeconômico.
Inflação puxa preço da carne e penaliza duas vezes mais os mais pobres
Apesar da pressão nos alimentos, foi a alta nos preços de bens e serviços monitorados pelo governo, como a energia elétrica e o gás, foi o principal fator de pressão para que a inflação dos brasileiros mais pobres ficasse quase 100% maior do que a dos mais ricos, segundo dados levantados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
O Indicador Ipea de Inflação por Faixa de Renda registrou uma desaceleração da pressão inflacionária na passagem de maio para junho em todas as faixas de renda.
No entanto, a pressão de custos ainda foi maior entre as famílias mais pobres, com renda domiciliar inferior a R$ 1.650,50: a variação dos preços passou de alta de 0,92% em maio para elevação de 0,62% em junho.
“Para as famílias de renda mais baixa, observa-se que, mesmo diante da deflação apresentada em itens importantes – como cereais (-0,73%), tubérculos (-11,2%) e frutas (-2,7%) -, as altas da carne (1,3%), das aves e ovos (1,6%) e dos leites e derivados (2,2%) fizeram com que o grupo alimentação e bebidas se constituísse sendo o segundo maior foco de pressão inflacionária”, apontou a técnica do Ipea Maria Andréia Parente Lameiras, na Carta de Conjuntura que frisa a mudança nos hábitos alimentares do brasileiro em decorrência dos preços.