O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, destacou nesta sexta-feira que o órgão vai usar todas as ferramentas para trazer inflação para meta.
“Saímos na frente no aperto monetário, apesar de nossa inflação maior, acho que temos mostrado que estamos acompanhando. Vamos usar todas as nossas ferramentas para trazer inflação para a meta”, garantiu o presidente do Banco Central.
Segundo Campos Neto, a curva de juros começou a desinclinar, embora a parte longa da curva seja afetada por questões fiscais. “Incertezas fiscais impactam a parte longa da curva”, disse. As declarações foram feitas no evento Esfera Brasil, em São Paulo.
Roberto Campos Neto, também afirmou que a maior pergunta atualmente é quando será o pico da inflação no mundo. O presidente do BC destacou que o Brasil saiu na frente no combate à inflação.
“Vai depender muito agora como se comporta no mundo desenvolvido, mais especificamente nos EUA.”
Além dos fatores externos, como o preços de importados, Campos Neto também afirmou que a inflação brasileira em 2021 teve impacto de fatores internos. Ele também voltou a destacar o impacto do aumento da energia na inflação brasileira em 2021.
“Se o custo de energia no Brasil fosse a média do mundo, inflação em 2021 seria de 6,7%”, disse, destacando que também ficaria na média do mundo.
Inflação e oferta
O presidente do Banco Central disse que a produção e consumo de bens demanda seis vezes mais energia do que serviços, repetindo o argumento de que o aumento da demanda de bens na pandemia também explica parte do problema de energia no mundo.
A outra parte do problema diz respeito à limitação do financiamento em meio aos esforços de transição para economia verde.
“Mercado de capitais e bancos estão mais fechados para financiar energia não limpa. Investimento em petróleo está na mínima com preço na máxima, há desconexão total.”
Campos Neto também repetiu que a crença de que a aceleração da inflação no mundo estava vinculada a problemas de oferta por causa da pandemia de covid-19 não se comprovou e está mudando.
“Quem acreditou que inflação era um tema de oferta está revendo os conceitos”, disse no evento da Esfera Brasil.
Citando os dados dos Estados Unidos, Campos Neto repetiu que o aumento da demanda de bens está relacionada às políticas expansionistas desenvolvidas por causa da pandemia.
“Houve amplificação bastante grande do balanço do Fed“, disse, citando também a expansão de políticas fiscais no mundo.
Banco Central de olho no aperto nos EUA
Apesar de destacar que o Banco Central não dá opiniões sobre a política monetária de outros países, o presidente da autarquia, Roberto Campos Neto, fez comentários sobre perspectivas para o ciclo de aperto monetário nos Estados Unidos, em meio à alta forte da inflação americana.
“Se entendo que inflação é mais persistente, devo levar juros para campo restritivo”, disse. “Mercado está precificando mais altas no Fed, mas curva longa não tem subido.”
Campos Neto disse que os bancos centrais ao redor do mundo estão entendendo a magnitude do choque de inflação e que a resposta será juros mais altos. Ele mencionou a surpresa com movimentos maiores de alta de juros no México, Colômbia e Rússia. Segundo ele, com exceção de alguns países asiáticos, a inflação está alta em todos os lugares.
“Curvas precificam alta de juros em quase todos os países”, disse o presidente do Banco Central.