Indústria têxtil encerra ano com queda de 2%
A produção têxtil nacional fechou o ano com uma queda de 2%. O resultado foi divulgado pela Associação Brasileira de Indústria Têxtil (Abit) nesta sexta-feira (14).
A baixa na produção têxtil foi pressionada pelo aumento nas exportações e a queda nas importações. O setor pode fechar até 27 mil postos de trabalho neste ano. A expectativa para 2019, entretanto, é de crescimento.
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Segundo o presidente da Abit, Fernando Pimentel, o ano começou bem. Porém, a greve dos caminhoneiros, a Copa do Mundo e as incertezas políticas fizeram o setor registrar quedas, como perda de margens de lucro e endividamento de empresas.
Além disso, o aumento dos custos de matéria-prima, como o algodão, e da energia elétrica pressionaram as margens de lucro das grandes empresas e aumentaram a dívida das pequenas. Os produtores não conseguiram repassar o valor ao consumidor.
“Empresas mais saudáveis reprimiram margens e reduziram investimentos. As [empresas] de menor porte sofreram mais e estão mais endividadas. Isso é um fator que pode limitar uma resposta positiva em 2019. Mas se a economia retomar e novos pedidos começarem a entrar para as empresas, isso pode incentivar a tomada de crédito até mesmo para capital de giro. Para o setor, é o que dá continuidade para as operações”, disse Fernando Pimentel.
De janeiro a outubro, a indústria têxtil cortou 2,8 mil postos de trabalho. Em Minas Gerais, terceiro maior produtor do Brasil, houve 768 demissões. O estado é responsável pela geração de 90 mil empregos formais, com 7 mil empresas no setor e faturamento anual de R$ 18 bilhões.
Expectativa
Apesar dos resultados negativos, alguns fatores trazem projeções positivas. Por exemplo, a retomada do crédito, o controle da inflação e os juros baixos, aliados às expectativas do novo governo eleito Jair Bolsonaro.
“A troca do governo gera expectativas de melhora. Mas existem fatores, como taxa de juros baixa, inflação comportada, volta de crédito, ociosidade da economia e o fato de a economia já estar crescendo, mesmo que não seja como esperávamos, que reforçam essa expectativas e há espaços para retomada. Se a economia andar e as reformas caminharem, o grau de confiança aumenta. Uma parte é a expectativa, mas outra parte é a baseada nesse indicativos”, disse Pimentel.
De acordo com projeções da Abit, a produção têxtil deve crescer 3% em 2019.