Diferentes setores da indústria brasileira se mobilizam para a atender às demandas da pandemia do novo coronavírus (covid-19) no País. Mais que isso, as companhias procuram oportunidades para manter as ofertas e gerar receita.
Em função da crise do novo coronavírus, as companhias da indústria ajustam suas linhas de produção para atender às necessidades do cenário atual. Por um lado, a demanda por bens industriais registrou um tombo nesta pandemia. Entretanto, por outro lado, a procura por máscaras, respiradores hospitalares e álcool em gel cresceram vertiginosamente.
Além de combater a pandemia em território nacional, as empresas têm a oportunidade de diversificar os negócios. Dessa forma, a indústria evita a perda de um grande volume de receita, assim como a demissão em massa de funcionários.
Nesse sentido, o setor industrial deve adaptar as linhas de produção para desenvolver equipamentos de suporte aos profissionais de saúde, que estão na linha de frente do combate ao coronavírus. Essa é uma forma de movimentar os negócios, enquanto prove insumos e empregos em meio à pandemia.
Respiradores pulmonares
Sem estrutura para suprir a necessidade de respiradores pulmonares, o setor responsável pelo segmento ficou sobrecarregado durante a crise. Em vista disso, a indústria automobilística irá coordenar uma força tarefa para consertar os aparelhos danificados.
A ala de manutenção das fábricas da General Motors (GM), na região do ABC paulista, passou por um processo severo de higienização e de desinfecção para reparar os respiradores pulmonares.
A companhia americana irá coordenar um grupo de dez empresas que disponibilizaram suas instalações para realizar o serviço. Em parceria com a GM, integram o grupo:
- Fiat Chrysler (FCA);
- Ford;
- Honda;
- Jaguar Land Rover;
- Renault;
- Scania;
- Toyota.
O grupo também conta com companhias fora do setor automobilístico, como a multinacional de aço ArcelorMittal e mineradora brasileira Vale (VALE3).
Dessa forma, em parceria com o Senai, a Associação Brasileira de Engenharia Clínica (Abeclin) e o Ministério da Economia; o setor da indústria realizar a reparação desses aparelhos. Atualmente, há cerca 3,6 mil respiradores e ventiladores pulmonares parados em em almoxarifados de hospitais e repartições públicas.
Além disso, a Mercedes-Benz, em parceria com o Instituto Mauá de Tecnologia e apoio de prefeituras da região do ABC, irá começar a produzir respiradores de baixo custo. Segundo a empresa, serão utilizadas peças da própria indústria e os aparelhos serão doados a hospitais da região.
Produção de EPIs
Outra demanda que movimenta a iniciativa privada é a de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs). Desse modo, a Mercedes-Benz também irá fabricar máscaras individuais em impressoras 3D, em parceria com o Instituto Mauá e a Universidade de São Carlos. A montadora estima que serão produzidas 10 mil peças por dia.
Da mesma forma, o grupo de varejo de materiais de construção Leroy Merlin entrou no ramo da produção de máscaras faciais feitas de acrílico. Em parceria com o Movimento Brasil Contra o Vírus, a empresa espera inicialmente produzir 12 mil peças durante os próximos três meses.
Sob outra perspectiva, a Ambev (ABEV3) anunciou que produzirá 500 mil protetores faciais para profissionais da saúde, usando garrafas PET recicladas do Guaraná Antártica.
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A Alpargatas, dona das marcas Havaianas, Osklen e Mizuno, também irá produzir artigos para profissionais de saúde como máscaras faciais, jalecos e calçados. A empresa, que conta com investimentos da Itaúsa (ITSA3; ITSA4), informou que terá capacidade para fabricar até 1.500 máscaras por dia.
O grupo Arezzo (ARZZ3) integrará esforço, em conjunto com fornecedores de tecidos, fábricas e a Secretaria de Saúde estadual do Rio Grande do Sul para produzir os equipamentos. Segundo a empresa, poderão ser produzidas 25 mil máscaras de proteção individual.
Além disso, no Rio de Janeiro, grupo francês PSA, que controla as empresas Peugeot e Citroën, também usará impressoras 3D para produzir protetores faciais. A iniciativa terá parceria com a Federação das Indústrias (Firjan). Do mesmo modo, Ford, a FCA e a empresa de eletrodomésticos Esmaltec também começaram a produção de máscaras faciais para outros estados brasileiros.
Centros de tratamento
Para além da indústria automobilística, a Prefeitura de São Paul, em parceria com a Ambev, a Gerdau (GGBR3; GGBR4) e o Hospital Israelita Albert Einstein uniram esforços para construir um novo centro de tratamento.
A nova unidade de saúde, anexa ao Hospital Municipal M’Boi Mirim, terá cem leitos comuns que atenderão exclusivamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Estima-se que o custo de empreendimento será de R$ 10 milhões e os organizadores procuram empresas para transformar os leitos comuns em estruturas de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs).
Nesse sentido, os engenheiros da fabricante de aeronaves Embraer (EMBR3) avalia como desenvolver um respirador “simples, robusto e portátil”, que poderia ser produzido em larga escala. Da mesma maneira, a companhia já atua, em parceria com o Hospital Israelita Albert Einstein, na disponibilização de tecnologia para transformar leitos em UTIs.
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No Rio de Janeiro, o hospital de campanha na 23º Batalhão da Polícia Militar, zona sul da cidade, será construído em parceria com a Rede D’Or. A operadora de hospitais irá bancar R$ 25 milhões dos R$ 45 milhões ara o empreendimento. O valor restante será pago, em parcelas iguais por:
- o Bradesco (BBCD3; BBCD4);
- as Lojas Americanas;
- o Instituto Brasileiro de Petróleo (IBP);
- o Banco Safra.
Indústria farmacêutica
Em meio a ações em favor do combate a pandemia, companhias farmacêuticas focadas no desenvolvimento de medicamentos e vacinas foram beneficiados na pandemia. Ações de empresas desse setor registraram forte alta nesse cenário.
Os papéis da Inovio (NASDAQ: INO) anotaram uma alta de mais de 10%, em relação ao início da pandemia nos Estados Unidos. Em vista de sua vacina INO-4800, desenvolvida usando DNA de vírus, as ações da empresa atingiram um pico de variação positiva de 360%.
No mesmo sentido, a Novavax (Nasdaq: NVAX) registrou uma alta de 250%, em relação ao início de fevereiro. A companhia enviou uma vacina experimental para ensaios clínicos em seres humanos ao Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas nos Estados Unidos.
Além disso, as ações da biofarmacêutica americana Moderna (Nasdaq: MRNA) apresentaram uma variação positiva de 156%, desde o início de fevereiro. A empresa relatou estar fazendo progresso em suas pesquisas de vacina contra o coronavírus e observou uma súbita alta nos valor de seus ativos.
Indústria de álcool em gel
Após o início da pandemia no País, a necessidade por álcool em gel cresceu fortemente, colapsando a oferta atual do produto. Para suprir essa demanda, muitas empresas da indústria viraram produtoras de álcool em gel, para evitar a falta da mercadoria.
Usinas de cana-de-açúcar irão doar milhões de álcool a granel para companhias fabricarem o produto. Entre essas empresas, estão a Natura (NTCO3), Ambev e WEG (WEGE3).
A cervejaria anunciou que produziria 500 mil unidades de álcool em gel para que fossem doados aos hospitais públicos de SP, RJ e DF. “O processo de produção é essencial para que nossos consultores e revendedores continuem obtendo receita com suas atividades, especialmente neste período de crise”, Comunicou a Natura em memorando.
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Além disso, a WEG irá produzir 500 mil respiradores mecânicos para até o final de maio. “A produção estará a disposição do governo brasileiro para alocação nos hospitais com maior demanda pelos equipamentos”, declarou Manfred Peter Johann, diretor da indústria de motores elétricos.