Com o fim do mês de março, já é possível olhar para o primeiro trimestre do ano e traçar perspectivas para a divulgação de resultados do setor financeiro, principalmente dos grandes bancos, instituições digitais e do mercado de capitais.
Segundo relatório do Itaú BBA, braço de investimentos do Itaú Unibanco (ITUB4), a inadimplência em ritmo acima do esperado e as dificuldades para expansão da carteira de crédito são dois fatores que colocam pressão sobre os resultados deste trimestre e não trazem bons presságios para o desempenho dos grandes bancos.
Segundo o relatório, apesar dos ventos contrários, estes fatores não devem comprometer a receita prevista para 2022.
Por outro lado, a instituição destaca que tradicionalmente o primeiro trimestre do ano é mais fraco, e, diante do cenário macroeconômico de juros altos, a receita líquida dos empréstimos está avançando em ritmo acelerado, compensando possíveis perdas.
“Nós recomendamos que investidores mantenham na carteira os bancos com boa qualidade de crédito, como o Banco do Brasil (BBAS3), com avaliação de desempenho acima do mercado”, afirma. Conforme destaca, as ações do Itaú Unibanco não estão entre as ações de cobertura da equipe de investimentos.
Veja a seguir a recomendação da instituição para outros setores do mercado financeiro.
Mercado de capitais
Entre as empresas do mercado de capitais, o Itaú BBA disse que tem preferência por papéis da B3 (B3SA3) em detrimento do banco BTG Pactual (BPAC11) para o trimestre. Entre os motivos, a instituição avalia que é mais provável que a Bolsa brasileira revise para cima as projeções para o trimestre.
“É provável que a B3 reporte receitas fortes e redução da pressão de custos, o que seria, relativamente, a melhor surpresa positiva para o mercado”, informou o BBA. “Mas isso não significa que nós esperamos que o BTG Pactual reporte números fracos”, rebate.
Segundo a análise, o banco deve reportar ganhos fortes e sustentar um ritmo firme, apesar de fraquezas em certas áreas.
Bancos digitais
Entre os fatores de risco para o segmento de bancos digitais, o relatório destaca que a inadimplência tem avançado mais rapidamente entre os segmentos de cartão de crédito e empréstimos pessoais.
“Considerando o crescimento acelerado dos bancos digitais nesta linha de produtos, é provável que eles reportem o maior avanço da inadimplência neste segmento. Também esperamos uma desaceleração no crescimento da carteira de crédito de modo geral”, destacou.
Dos nomes do setor, os bancos Inter (BIDI11) e Pan (BPAN4) têm a maior fatia de empréstimos consignados, os quais sofreram com o impacto de limites mais baixos. Empréstimos para a compra de automóveis e hipotecas também mostraram desaceleração por conta dos limites mais baixos.
Apesar do “copo meio vazio”, isso não deve comprometer o resultado do banco Pan nem do Inter, que devem indicar um resultado financeiro estável na comparação anual.
Maquininhas e adquirência
Entre o setor de adquirência – nome técnico para as operadoras de maquininhas de cartão como Stone (STOC31), PagSeguro (PAGS34) e Cielo (CIEL3) -, a expectativa é de que o aumento das taxas ajude a acelerar os lucros.
Segundo o relatório, mais do que prestar atenção ao guidance acima das expectativas, o mercado estará de olho em qual das empresas conseguirá reduzir o entra e sai de clientes.
Expectativas para os grandes bancos no 1T22
Entre os grandes bancos, o Itaú BBA espera um resultado líquido de R$ 29,0 bilhões para o banco Bradesco, R$ 22,8 bilhões para o Banco do Brasil e R$ 19,1 bilhões para o Santander. O Itaú Unibanco, maior em valor de mercado da América Latina, não está entre a cobertura do Itaú BBA.